Domingo, 12.
Hoje tendo ficado um pouco mais entre
lençóis, tive a insistência do cuco a acordar-me à minha janela. Segundo a
Piedade que vive distante daqui uns quinhentos metros, também por lá se ouve o
cântico do cuco a alegrar as manhãs. Quer-me parecer que temos na zona uma ou
mais famílias deste adorador do sol e dos claros dias. É um prazer e uma
companhia. Quando o ouço nos arbustos que cercam a quinta, não ponho nenhum disco
nem ligo o rádio. A sua melodia ainda não foi escrita por qualquer compositor.
- Tem muita piada João Pedro Henriques no Diário de Notícias de hoje ao
associar Marcelo e Costa à dupla Dupond
e Dupond. Embora a mim me pareça que a communis
opinio seja a oratória da farsa.
- Todo o fim-de-semana absorvido pela correcção do livro que a Imprensa
Nacional vai editar sobre o Guilherme Parente. Trabalho ingrato pois muitas
vezes era preferível reescrever tudo de novo.
- Para intervalar, fui dar uma
volta ao mercado mensal do Pinhal Novo. Está por fazer o retrato do país
através destes espaços de convívio e comércio. Se as inteligências dizem que o
país mudou, é porque não se dão ao trabalho de veranear por estes sítios onde o
povo na sua essência se mostra sem máscara nem artifício.
- A sarna não só não nos larga, como alastra fechando-nos no desespero. E como não há político que não pisque o olho
aos corruptos do futebol, ei-los de mão dada e sorriso macaco a mostrarem-se ao
lado de dirigentes e jogadores. Quando digo não há político, rectifico: salvo a
honrosa e salutar excepção de Pedro Passos Coelho.