Terça, 22.

A Inglaterra próspera que esmaga os seus parceiros da União Europeia, acaba de fazer cortes nos apoios aos deficientes, ela que era a mais humana e solidária para com os mais frágeis. Em consequência, o ministro Duncan Smith demitiu-se por achar “profundamente injustos” tais cortes. Ouve tumulto, mais a mais porque as desigualdades sociais são cada vez mais gritantes no reino de sua Majestade. Se fosse apenas com os deficientes vá-que-não-vá. O problema é que o Governo britânico, Cameron claro, anda a fechar esquadras e em resultado os moradores pagam a vigilância privada do seu bolso; 17.000 agentes foram dispensados há poucos anos e só para este ano vão para o desemprego mais 22 mil. Desde 2010 diminuiu quase um milhão de funcionários, os orçamentos municipais reduziram 50 por cento, e pensam os especialistas que em 2020 por este andar o aparelho do Estado será comparável ao de 1930. E ainda nos impingem a ideia que estamos melhor, mais ricos, protegidos e a morrer com dignidade mais tarde. Brrrrrrr!

         - Ontem, pela hora de almoço, caiu aqui uma carga de granizo que deixou a quinta como se tivesse nevado. Fiquei a ver as bolas brancas cobrirem o pátio e a terra à soleira da porta. Por momentos, senti inundar-me do álgido sentimento de pertencer a uma paisagem de montanha, com seus reflexos frios, seus regos de água suja, seu isolamento onde as crianças inventam pais-Natal todo o ano.