sábado, março 12, 2016

Sábado, 12.
Eu supunha que os barbudos do Daesh eram uma organização mais ou menos anárquica que actuava movida pelo puro ódio e, portanto, sem horizontes de comando à parte uma pequena equipa de dirigentes. Puro engano. Os milhares de fichas trazidas por um renegado das fileiras dos jihadistas, e oferecidas ao Ocidente e aos Estados Unidos, dão conta de um pequeno califado construído à sombra dos milhares de voluntários e entre estes engenheiros mestres na linguagem computorizada. Foram eles que rasgaram as fronteiras e chamaram assassinos, inventaram métodos de recrutamento, consolidaram um exército de terroristas que avançou para colonizar a Europa pelo terror. Ao todo pelo menos 22 mil homens e mulheres dispostos a morrer por uma causa sem consistência, sem teoria política, montada no rancor e desprezo por tudo quanto existiu antes da Hégira e não faz parte do Alcorão que eles executam à sua maneira por métodos fanáticos incompreensíveis nos nossos dias. Esta documentação, entendem as polícias, é reveladora dos métodos e características de trabalho da cúpula extremista, além de permitir saber quem ensandecido pela arrogância e corrupção dos dirigentes europeus, se passou da cabeça e entregou-se para restaurar novas ideologias e filosofias políticas ou simplesmente vingar o monumental embuste que George W. Bush montou para destruir um país e um povo e matar Saddam Hussein deixando o Médio Oriente numa estígia infernal.   


          - Arrebatadora hora de piscina. Comigo apenas um tipo depilado que decerto aspira a ganhar os próximos Jogos Olímpicos. À saída encontrei o tempo imobilizado numa rosa que se abria perfumada sobre o sopé do castelo de Palmela. Lá do alto, avista-se a planície onde tenho morada e na vastidão dos campos sobrevoava uma neblina que era já própria do Verão quando o sol abafa a tarde num baque interrogativo sem resposta. A luz intensamente branca, parecia fugir dos poros da pele, das bermas dos caminhos, dos alpendres das árvores. Todas as cores que a Natureza reserva aos que a contemplam, estavam estampadas na textura do ar, bruxuleantes, suspensas da leveza que nos arrasta para a eternidade. Os meus olhos fizeram-se de muitas cores e não soube qual delas a  Poesia elege quando o coração fenece de exultação.