Sábado, 12.
Eu supunha que os barbudos do Daesh eram
uma organização mais ou menos anárquica que actuava movida pelo puro ódio e,
portanto, sem horizontes de comando à parte uma pequena equipa de dirigentes.
Puro engano. Os milhares de fichas trazidas por um renegado das fileiras dos jihadistas,
e oferecidas ao Ocidente e aos Estados Unidos, dão conta de um pequeno califado
construído à sombra dos milhares de voluntários e entre estes engenheiros
mestres na linguagem computorizada. Foram eles que rasgaram as fronteiras e
chamaram assassinos, inventaram métodos de recrutamento, consolidaram um
exército de terroristas que avançou para colonizar a Europa pelo terror. Ao
todo pelo menos 22 mil homens e mulheres dispostos a morrer por uma causa sem
consistência, sem teoria política, montada no rancor e desprezo por tudo quanto
existiu antes da Hégira e não faz parte do Alcorão que eles executam à sua
maneira por métodos fanáticos incompreensíveis nos nossos dias. Esta
documentação, entendem as polícias, é reveladora dos métodos e características
de trabalho da cúpula extremista, além de permitir saber quem ensandecido pela
arrogância e corrupção dos dirigentes europeus, se passou da cabeça e
entregou-se para restaurar novas ideologias e filosofias políticas ou
simplesmente vingar o monumental embuste que George W. Bush montou para
destruir um país e um povo e matar Saddam Hussein deixando o Médio Oriente numa
estígia infernal.
- Arrebatadora hora de piscina. Comigo apenas um tipo depilado que
decerto aspira a ganhar os próximos Jogos Olímpicos. À saída encontrei o tempo
imobilizado numa rosa que se abria perfumada sobre o sopé do castelo de
Palmela. Lá do alto, avista-se a planície onde tenho morada e na vastidão dos
campos sobrevoava uma neblina que era já própria do Verão quando o sol abafa a
tarde num baque interrogativo sem resposta. A luz intensamente branca, parecia
fugir dos poros da pele, das bermas dos caminhos, dos alpendres das árvores. Todas
as cores que a Natureza reserva aos que a contemplam, estavam estampadas na
textura do ar, bruxuleantes, suspensas da leveza que nos arrasta para a
eternidade. Os meus olhos fizeram-se de muitas cores e não soube qual delas a Poesia elege quando o coração fenece de exultação.