sexta-feira, março 11, 2016

Sexta, 11.
O Governo socialista que tudo promete e alguma coisa vai dando impulsionado pelo PCP e BE, diz cumprir a Constituição ao oferecer gratuitamente livros aos alunos do Ensino Básico. Pasme-se! Num país que acima de tudo dá dinheiro – e muito – a ganhar às editoras e aos autores dos projectos de ensino, onde os programas de televisão são todos a baixo de cão, o futebol impera como indiscutível base cultural, os manuais escolares mudam todos os anos e às vezes mais do que uma vez ao ano, os políticos falam mal, o jargão inglês colonizou a língua portuguesa, os escritores pagam para serem editados, as ajudas à cultura são quase inexistentes, o nível de instrução é baixíssimo, a educação passou à história, todos nivelados por baixo e sem qualquer interesse ou curiosidade no conhecimento, que outro nome se pode dar a esta benesse socialista senão demagógico. Sim, demagogia pura quando o essencial reside a montante de todo o princípio civilizacional que integra a formação no conjunto e ao longo da vida do ser humano, e comunitariamente integrado no desenvolvimento a todos os níveis. Disseram e impuseram até que só vale a pena estudar, aprender, com um único fim: ganhar dinheiro. “Se não fores doutor, nunca terás uma vida airada, não serás ninguém.” Assim falam os pais aos filhos e deste modo o país está cheios de doutores da mula ruça, doutorados analfabetos, gentinha vulgar, carregando a importância que o dinheiro oferece aos pobres de Cristo.

         - Ora, ora! Quem é o político desta semana a contas com os tribunais, naturalmente um doutor, pois então, que foi acusado de ilegalidades financeiras em contratos no valor de 4,4 milhões de euros, senhor de casas e propriedades, antigo presidente da Câmara de Gaia e homem  forte do PSD, vindo dessa massa anónima de remediados antes do 25 de Abril, hoje abastado senhor do Norte, com lacaios aos seus pés, nova esposa ou esposa nova, que nos jornais e televisões debitava moralidade, honra e saber na gestão da autarquia. Para que o ilustre doutor não morra incógnito que, de resto, não merece aqui deixo o seu nome: Luís Filipe de Menezes Lopes.

         - Helder de Sousa é tempo de ajustares o discurso ao politicamente correcto. Deixa-te de censurar quotidianamente este e aquele, isto e aquilo. Será que não enxergas que o Portugal da democracia é um jardim maravilhoso, cheio de gente culta, trabalhadora, nada oportunista, onde não medram gatunos, mas governantes honestos que põem a nação acima das suas ambições e capelas partidárias, que erradicou a pobreza e a harmonia social expande-se em cintilações de Norte a Sul, com as famílias unidas, os impostos em dia, a Igreja omnipresente, a solidariedade montada para o espectáculo da caridade transmitido à hora em que estão todos à manjedoura da TV, e o Presidente da República com o primeiro-ministro ao seu lado esquerdo como manda o protocolo, os dois mostrando um sorriso alvo, levemente cândido, sem esgares de hipocrisia, antes lavados de profundos sentimentos e promessas invadidas de misericordiosas que disputam os corações dos telespectadores, a janta de pizas e vinho tinto terminada, filhos e netos fingindo dormir amarrados no quarto a consolas de jogos ou à conversa indecente no Facebook, despachadas as telenovelas, os royalty-shows, os concursos, transformados na Cartilha Matinal, a noite longa indeferida das responsabilidades do trabalho do dia seguinte, enfim, um país mudado, de algum modo um paraíso, com bom clima, muita fé em Deus e existência coerente com os Mandamentos por Ele pregados. Como queres tu, homem de Deus, ter leitores, recepções, alguém que aprecie o teu labor, se tu vives como um selvagem, recusando o discurso estruturante que tanto cativa o comum dos teus contemporâneos, dizer-bem-deste-para-seres-deificado-por-ele, de modo a que as portas das capelas literárias se abram para a tua escrita desalmada, o teu intelecto nietzscheano, a tua altivez onde morre desesperada a solidão e o silêncio fica agrilhoado na folha em branco que recusa elogiar a mediocridade e estender a mão ao figurão bajulador e nédio que cresce como cogumelos bravios à sombra dos republicados e democratas, que sofrem horrores por haver tanta miséria no país. Encara-te, homem. Sê como os demais e verás descer do céu em cachão toda a cupidez compaginada  na prática do rapa-tacho que é hoje de todas as profissões a mais rentável e respeitável. 


         - As pessoas que pensam muito na idade morrem cedo.