sexta-feira, março 04, 2016

Sexta, 4.
O quotidiano nacional não tem razão de existir e a nós parece-nos que falta qualquer coisa se todos os dias os senhores juízes e procuradores não trouxerem ao proscénio da nossa triste existência a condenação de mais um insaciável coberto da podridão que lhe purpureia a alma. Desta feita, trata-se de um homem que aparece sempre de rosto compungido de infelicidade, de seu nome Manuel Damásio, ligado noutros tempos ao Benfica (pois então!), muito crente ao ponto de ter mandado construir uma capela no subsolo do Estádio da Luz, que declarou ganhar o salário de 600 e poucos euros, enfim, o quadro típico da nossa ilustre e católica sociedade. Pois bem ele é o preso do dia. Está indiciado por corrupção, negócios a nível internacional com associação ao compincha José Veiga, na chamada Operação Rota do Atlântico. Estou a esfregar as mãos de ansiedade para saber quem se apresenta amanhã. A minha querida vizinha Maria Luís Albuquerque? Filha, não lhe desejo tanto.  

         - Ontem depois de ter estado uns instantes na Brasileira, desci o Chiado para entrar na fnac. Entrada por saída devido o cheiro nauseabundo a peidos que enchia o espaço de baixo. Fugi espavorido.


         - Mais tarde almocei com o Simão que me levou a um restaurante miserável na Rua dos Correeiros, vazio, frio, triste e onde comemos uma comida da mitra de vários dias. Salvou-se – e isso é sempre para mim o mais importante – o convívio, o prazer da conversa, a esperança nos horizontes que se alargaram uma vez mais devido ao nome de um grande editor que saltou da memória e por onde Madame Juju possa entrar triunfante. Dali subimos ao seu andar na Rua dos Fanqueiros onde com a Conceição criou um espaço agradável, de cima abaixo coberto de livros raros, o conjunto simpático e confortável, onde notei o cunho da Conceição. Depois, dei um salto ao CI para levantar o sobretudo que tinha comprado a semana passada. Num corredor deparei com uma velha amiga que não via há uma data de anos. Pertence ao mundo hipócrita do faz-de-conta e nem a idade conseguiu apagar a fantasia em que sempre viveu. Fugi espavorido (também).