terça-feira, janeiro 26, 2016

Terça, 26.
Recebi um e-mail de uma simpatia tocante do editor Diogo Madre Deus. Confesso que gosto muito das pequenas editoras e o Simão sabendo disso, empurrou-me para a Cavalo de Ferro que faz livros como se faz um objecto de arte e onde a Literatura ainda impera. O que ele me disse da minha escrita, por timidez e modéstia, não ouso para aqui transcrever. Agora que fiquei com a impressão de que um dia haveremos de nos entender, não tenho a mínima dúvida.

         - Há dias procurando uma observação, abri Nas Margens da Inquietação – terceiro volume do meu Diário publicado. Depois, como se seguisse um rio de águas límpidas e frescas numa tarde de Verão, deixei-me arrastar pela torrente e fui por ali fora. Céus! Como me mantenho intacto! Como o desassossego exterior e interior me consome com os mesmos laivos de inquietude! Nada do que vivi e contei caiu no marasmo do tempo. Pelo contrário, quer-me parece que a forma e o conteúdo, não transmitem o fardo pesado dos anos, antes absorveram o tempo numa carga dimensional que o eterniza em cada página. Estarei a ser presumido? Se estou que me desculpem, pois aqui por natureza mora consistentemente a discrição.  


         - O mais importante da festa eleitoral, reside no facto de em breve nos vermos livres de sua excelência-professor-doutor-economista-presidente Cavaco Silva. Alguns exclamam: “Como foi possível termos tido durante dez anos na presidência do país um homem daqueles!” Eu não sou desses. Acho que os portugueses têm aquilo que merecem. Ponto final. Todavia, a verdadeira história da personagem sinistra, começa a partir de Março. Vamos conhecê-la sem os entraves das venerações que a figura impôs enquanto habitou Belém. Eu costumo dizer que não há nada pior que a acensão de alguém que veio de baixo. Do mesmo modo que afirmo não haver nada mais aterrador que um inculto com dinheiro. Pertencem à mesma família dos que se arrogam acima da média, esquecendo que as origens rústicas e medíocres não desaparecem apagadas com um punhado de notas, e que a importância não advém daquilo que nos cerca ou possuímos, mas do que permanece íntegro dentro de nós. Bom. O senhor que se segue se não for outro boneco da TV, por exemplo, Marques Mendes, será Cristiano Ronaldo. É tiro e queda.