sexta-feira, janeiro 08, 2016

Sexta, 8.
Os fracos fazem-se fortes quando protegidos por um batalhão de guardas e leis e benesses e honrarias. É o caso de François Hollande e do pequeno Sarkosy. Ontem a polícia abateu um jovem de 20 anos para mim apressadamente. O rapaz que estava referenciado por pequenos crimes, forçou a entrada numa esquadra do 18º bairro de Paris. Trazia consigo uma faca e os agentes suspeitaram também um cinto de explosivos. Gritava: “Deus é grande!” Inclino-me para que estivesse ébrio ou fosse perturbado de cabeça. Esta é a guerra de Hollande, estes os seus inimigos.

         - Fui ao encontro do Fernando Dacosta ao Vela Latina. É lá que inúmeras vezes almoçámos, conversámos, passámos momentos sossegados. Ele adora esplanadas e passar o tempo nelas diante de uma chávena de café. Este movimento em que tenho andado, é por mor de Madame Juju que merece todo o meu incessante esforço. Generoso, Fernando, pôs-se em movimento e promete fazer a sua parte. Depois do almoço e pela tarde até chegar a casa, chuva diluviana, vento, alguma pedra sobre o tabuleiro da ponte Vasco da Gama, não via um palmo e cheguei a trinta à hora.


         - A turba dos funcionários públicos e dos trabalhadores esmifrados por uma classe patronal que só pensa nela, assim como dos reformados no limite da dignidade humana, levita de contentamento em torno de António Costa. O homem parece a Rainha Dona Leonor a acudir aos pobres e abandonados e estes vêem nele o que os resgatou das malvadezes de Passos Coelho e do seu alter-ego a Troika. Lá onde se encontra, a viúva de D. João II deve estar satisfeitíssima. Não é que não aprove e ache justas algumas acções, mas ao ritmo em que tudo isto desliza, visivelmente assente numa estratégia de imposição do eu sou diferente, temo que resvale para um fosso de consequências terríveis. Porque ninguém nos explica como se processa o bodo, de onde vem o dinheiro, se pode acontecer em catadupa e por quanto tempo. Por outro lado, a oposição e, sobretudo, o ex-primeiro-ministro, ainda não se refez da “injustiça” dos portugueses nas eleições. Não a ouvimos, não a sentimos no bater deste coração nacional que precisa do contradiscurso, do outro olhar, para equilibrar o todo e trazer à cena política a divergência e o diálogo complementar. Não é salutar deixar o campo aberto aos delírios da oposição, esta ou outra.