Segunda, 18.
Os Estados Unidos levantaram parte das
sanções internacionais impostas ao Irão, foram trocados prisioneiros, houve
discursos e sorrisos e abraços, os até há pouco inimigos tornaram-se
colaboradores, o programa nuclear iraniano foi esquecido e o Irão tornou a ser
um amigo e um aluno exemplar. Bom. Só Israel que tem fama de os topar a todos,
parece descrer da honestidade de Teerão e adverte Washington da ingenuidade de
Obama. O futuro dirá quem tem razão. Contudo, eu estou inclinado a achar por
antecipação que é Telavive, dada a política habitual americana nesta como em
tantas outras questões. Entretanto, o prémio seguirá em breve na forma de uma
encomenda de 114 aviões Airbus, no valor aproximado de 20 biliões de dólares..
- Sábado, sob um sol de Inverno saboroso, percorri com prazer a feira
dos brocantes, em Setúbal. Animada
como poucas vezes a vi, por lá me demorei a ver livros antigos, discos,
cerâmicas e em saborosa conversa com o António que como eu está preocupado com
o novo lay-out do Jornal Público. Ele
escreve nas suas páginas e mostra-se apreensivo pelo futuro do jornal que já
despediu uns quantos jornalistas. Disse-lhe que a moda, atendendo à redução de
leitores em papel, preferência os artigos de fundo em desprimor das notícias, até
porque na maioria eles são peças traduzidas e, portanto, mais baratas. Talvez a
decadência venha de trás, quando os jornalistas começaram a render-se aos
proprietários da Imprensa, depois aos políticos e por fim à presunção de
deixarem de dar notícias para passarem a fornecer opiniões. Sem deixar de
lamentar o panorama da prática jornalística de hoje, onde a amálgama de
vaidades e juízos, transformou o jornalismo numa actividade subserviente e
agradecida. Julgo até que se os jornais online
têm leitores, é porque aí o mundo chega na forma de notícia sem que o leitor
tenha precisão de saber o que dela pensa o jornalista. Para isso, como no meu
caso, prefiro os artigos de opinião com a chancela do seu autor.