sexta-feira, novembro 17, 2023

Sexta, 17.

Levantei-me cedo e às oito da manhã estava no laboratório em Setúbal para colheita de sangue, requerida pela minha médica dita de família, cumprindo a bateria de exames anuais habituais. Dali, fui tomar o pequeno-almoço ao Alegro e fiquei com o espaço sem ninguém àquela hora, a trabalhar no croché. Era o único cliente e por quase uma hora ninguém se aproximou para desviar o meu olhar do romance. Entrei na cena de sedução de Clarence com Ana, excerto que me deu uma trabalheira a criar, porque o tive de fazer a pinças como peça delicada no contexto da acção.  

         - Uma constatação: o luxo dos pobres é tomar o pequeno-almoço no café; o dos ricos é fazê-lo em casa. 

         - Santos Silva (sempre ele) apressou-se a sacudir a pachorrenta vida do Ministério Publico pedindo-lhe que acelere antes das eleições o processo que liga António Costa à manta rota dos escândalos financeiro-económicos; mas nunca se lhe ouviu solicitar aos juízes que concluam o processo do amigo José Sócrates e o metam na cadeia.  

         - O seu patrão sempre insistiu naquela blague: “ À Justiça o que é da Justiça e à política o que é da política.” Depois, vai-se a ver, a coisa não é bem assim. Daí que ele e os seus protegidos ataquem com unhas e dentes a Operação (em inglês é mais fino) Influencer que descobriu o gigantesco bolo de irregularidades, conluios, compadrios, corrupção, desvio de leis, tráfico de influências, onde Costa está no topo como a cereja que o enfeita e dá classe. O que se passa em Sines é disso exemplar com os habitats prioritários arrasados que o mestre João Galamba impôs, naquela eu quero posso e mando, que muito prejudicou o equilíbrio na região, e deu de mão beijada aos senhores da data center a mais-valia que tanto buscavam. O Ministério Público, é verdade, nem sempre fundamenta a acusação com técnica e consistência, mas também é verdade que sempre teve nos socialistas acérrimos combatentes, ao ponto de tudo tentarem para alterar a lei que rege a magistratura e as acções do Organismo. Sem falar nas negociatas que nos vão custar os olhos da cara com o lítio, a aldrabice da “energia cem por cento renovável”, o hidrogénio, entre tantos outros negócios que começam por enriquecer os governantes (veja-se, por exemplo, a riqueza do amigalhaço de António Costa antes e depois de ter feito parte da governação hoje publicada no Público) e empobrecer a Nação que somos todos nós. Bem andei eu aqui a pregar que uma vez destapada a panela socialista (que  previa para o ano 2025) muitos Sócrates iriam sair dela. E estão - contem-nos.