sábado, novembro 04, 2023

Sábado, 4.

Há muito que os médicos passaram a funcionários públicos, com direito a fins-de-semana, sem se importarem com as pessoas que têm o azar de adoecer a partir de sexta-feira. Eu dando-lhes razão em muitas das suas reivindicações, começo a achar que estão a ir longe demais. Se todo o país e todas as profissões fizessem greve e exigissem 30 por cento de aumento, Portugal passava a ser o país mais desigual e o mais pobre da Europa. 

         - Há um beduíno que diz ao Público estas palavras esclarecedoras que provam que Marcelo não tem razão quando afirma que a culpa da guerra se deve aos palestinianos: “Daqui a um ano, dois anos, três anos, todas as pessoas aqui vão apoiar o Hamas” O homem vive entrincheirado na Cisjordânia. 

          - O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Henrique Araújo, denunciou a “corrupção instalada” em Portugal e criticou o poder político pela falta de vontade em fazer do sector judicial uma prioridade. Eis algumas das suas corajosas e iluminadas afirmações: 

“A justiça não é uma prioridade para o poder político. (…) Não vejo que haja por parte dos responsáveis políticos a vontade de alterar alguma coisa”; 

“Seria um bom instrumento para combater o fenómeno da corrupção que está instalada em Portugal e que tem uma expressão muito forte na administração pública. Isto não é uma simples percepção, é uma certeza”; 

“Sabemos que os casos de corrupção têm aumentado e, apesar de a investigação a este tipo de criminalidade ter aumentado, os resultados ficam muito aquém daquilo que se sabe que existe”;

“Quem fornece os meios aos tribunais é o Ministério da Justiça e isto está errado. Tudo deveria estar concentrado no CSM. O Orçamento do Estado deveria atribuir ao CSM uma verba, que este deveria poder supervisionar. Só assim é que se pode falar em completa separação de poderes”; 

À cerca da vinda do Papa a Portugal e da lei que permitiu a amnistia, deixou reparos ao que aconteceu entre os juízes com o CSM a arquivar nove casos de infracções graves e até muito graves: “Esta lei, ao amnistiá-los, apagando essas infracções, está a dar um péssimo sinal à sociedade”. 

         - Fui de manhã ao mercado dos agricultores e voltei para casa a correr. Aqui fiquei entretido com o muito que tenho sempre para fazer. Estou a reler a tradução de Frederico Lourenço dos Evangelhos Apócrifos. Quando o li pela primeira vez, fiquei rendido ao texto que é sublime. Daí ter voltado a ele, assim como a Morand que pertenceu ao Governo Vichy. A propósito esta saída do escritor francês: “Les Juifs ne sont pas une maladie; ils sont des mouches qui viennent se poser là où il y a de la fermentation.” Reli e corrigi 10 páginas do romance que me deixaram seguro do que escrevi.