domingo, novembro 12, 2023

Domingo, 12. 

Acerco-me de Vicente Jorge Silva quando da queda de José Sócrates, em artigo de 6 de Maio de 2018 no Público: “Como foi possível que pessoas como António Costa – que eu considerava o quadro do PS mais bem preparado para suceder a Ferro Rodrigues mas me afiançara, em tom aparentemente definitivo, que nunca seria secretário-geral do PS e primeiro-ministro –, Augusto Santos Silva ou Vieira da Silva tivessem posto uma venda nos olhos e seguido cegamente José Sócrates? Mas foi o que simplesmente se veria a verificar-se, atingindo mesmo requintes chocantes, como sucedeu a Santos Silva, pois “ministro de propaganda do socratismo, revelando uma vocação trauliteira de que eu nunca suspeitaria; achava-o até um dos deputados mais bem preparados e brilhantes do PS”. Este bocado de prosa elucida bem e melhor que todas as palavras e laudatórios discursos que estes três comparsas exibem sob a capa onde tentam esconder-se. 

         - Teresa de Sousa enche a sua página dominical no Público, com um artigo elogioso ao trabalho na UE de António Costa. Como os meus leitores decerto se lembrarão, eu já aqui louvei a preparação de Costa em dois vectores: interno e externo. Neste último com assento tónico na perspicácia económica (que não foi só dele, mas também e sobretudo da equipa técnica de Mário Centeno) junto dos nossos parceiros em Bruxelas. Graças ao bom desempenho de Portugal, a maior parte dos países que têm assento na UE, passou a tratar-nos com mais deferência. Todavia, não vou ao ponto de esquecer estes derradeiros oito anos internos como fez a articulista, como se António Costa tivesse sido ministro da Economia ou  Estrangeiros, sem responsabilidade na equipa governamental e nos programas sectoriais. Diz o visado e repete a jornalista que Portugal não precisava  de passar pelo momento que atravessa. De acordo. Pergunto é se poderíamos continuar a sustentar um Governo de aproveitadores, arrogantes e corruptos; equipas medíocres, trafulhices em todos os ministérios, com ênfase para os da Saúde, das Infra-Estruturas, da Habitação, da Agricultura. Este bando de governantes, penso que só foi possível porque os convidados que Costa abordava se recusavam a fazer parte de um Governo condenado há muito. O país viveu todos estes anos numa fervilhação insuportável, liderado por gente arrogante, vaidosa, oportunista, que assaltou nitidamente o poder e fez do país a sua montaria real. Não havia nenhum sector que não fizesse greve, não saísse à rua, e com os seus actos prejudicasse milhões de portugueses; tudo isto com a maior indiferença do primeiro-ministro que não teve vergonha em ter tantos serviços em guerra diária. Costa vivia num reino que não era deste mundo, onde pastoreiam dez milhões de portugueses pobres, com o desenvolvimento parado, a inflação a subir, os ordenados a diminuir para que as “contas certas” fossem elogiadas em Bruxelas. Era a única obsessão dos socialistas e a forma de dizer à UE e às oposições que afinal eles são capazes de governar o país, pondo assim de parte a ideia da sua incapacidade que assinalou as suas anteriores passagens pelos governos de Portugal até a banca rota de José Sócrates. António Costa convenceu-se que era o deus, o dono disto tudo, porque tinha conseguido a maioria e com ela subordinava tudo e todos. Como se constata agora, nem o seu próprio Governo conseguiu controlar. Não foram só os 75.800 euros escondidos no gabinete ao lado do seu, são as almoçaradas de 1.300 euros oferecidas aquela figura de bairro periférico lavado de presunção, que andou ao murro com um subordinado no seu ministério, de brinco na orelha, a snifar Haxixe ao entardecer, em cambalhotas financeiras-económicas com os homens das energias, do lítio e do hidrogénio. Como se sabe não há almoços grátis e muito menos quando eles atingem aqueles valores. Os administradores da Start Campus queriam uma lei própria, Galamba  trata disso (Sócrates fez o mesmo com a lei que permitiu o regresso ao país de milhões sabe-se lá ganhos como, assim também antes com o menino Pedroso). Ora, para mim, é impossível que por trás destes conluios, não haja jogos de interesses que somas astronómicas não paguem. Toda (ou quase) esta gente, esteve do lado de José Sócrates como nota Vicente Jorge Silva no início desta minha longa reflexão. O antigo dirigente socialista, ainda não foi julgado volvidos seis anos; a ver vamos se com o afastamento dos socialista do poder isso acontecerá enfim – se os prazos não forem entretanto ultrapassados, bem entendido... Por muitíssimo menos, os franceses reduziram o seu Partido Socialista a uns escassos três por cento. E aqui?