quarta-feira, novembro 15, 2023

Quarta, 15.

Galamba, persona non grata no país inteiro, demitiu-se enfim. Diz que o fez pela filha, a mulher, a empregada doméstica (dobra a língua desgraçado, diz-se assistente operacional), o cão, a limusina preta de novo-rico socialista. 

         - Quando entrei no Fertagus, como é normal, a carruagem inteira estava curvada à manjedoura do telemóvel. A meu lado, duas mulheres conversavam. A dada altura diz uma para a outra: “Gosto da Madalena, é uma colega impecável.” Responde-lhe a companheira: “E eu gosto da Catarina e da marida dela.”  

         - Para se ver a seriedade com que os socialistas fazem (e têm feito) as leis que nos norteiam, está o célebre imposto IUC que despejou nas ruas milhares de automóveis em protesto. O fabuloso Medina (a história desta personagem ainda está por contar)  defendeu-o com unhas e dentes, consubstanciado pela bancada socialista, e agora no intuito de ganharem as próximas eleições, combinados entre si, os deputados decidiram retirar a medida do OE para 2024! Aqui se vê a treta do Planeta, o amor que os socialistas têm à tragédia do buraco de ozono.  É a desonestos como estes que queremos entregar de novo o país? À parte isso, vamos todos e cada um, remendando os pedaços de vida que nos surripiaram, enquanto eles regozijam com “o super-hábito” que criaram, o país apodrece nas ruas, os desempregados aumentam, a falência das empresas cresce, os doentes gemem, os pobres medram, Lisboa à noite está transformada num montão de barracas a céu aberto onde se acolhem os excluídos da vida. Que tristes oito anos varreram de infelicidade as nossas vidas! Hipotecámos o futuro a um punhado de idiotas, incompetentes, arrogantes, corruptos, de baixo nível, servindo-se do socialismo como bandeira para as suas ambições desgraçadas, o seu bem-estar, o seu enriquecimento pessoal. Porra, que gentalha!  

         - Vamos dizer assim: a mais impressionante obra de arte é a vida. Por isso é que a exposição de Guilherme Parente, Depois da Tempestade, que ontem fui visitar in extremis, teve para mim a sensação de ter renascido com o autor. Guilherme atravessou um período demasiado longo no combate à doença. Felizmente, embora muito debilitado, venceu. E ei-lo de retorno à vida carregando consigo a esperança que os seus quadros fecundam. 


         - Cumpri hora e meia a limpar a entrada, a retirar o entulho que a chuva juntou ao portão, a descobrir a mandala que o saudoso senhor Pedro construiu no Inverno quando não havia trabalho no campo e eu para não o dispensar inventava cenas que o ocupassem. Ele que me repetia chegado o fim do mês: “De todos os meus patrões, o senhor é o único que me paga a horas e nunca me faltou; os outros, o Sr. engenheiro e o doutor, vejo-me grego para receber.” Pobre homem que aqui andou até depois dos noventa e o resto da história já eu aqui narrei. Do que nunca esqueço, é do seu bonito sorriso e daquele à parte quando eu me levantava mais tarde ao sábado: “O senhor hoje descuidou-se.”