segunda-feira, novembro 07, 2022

Segunda, 7.

Está a decorrer no Egipto a COP27. É mais uma reunião de blá blá como foi a que reuniu em Lisboa a dos Oceanos. Alguém ouviu em sequência falar dos nossos queridos oceanos? De algo de útil para os mesmos? Aquela sobre o clima é, paradoxalmente, a que mais polui tendo em conta o desarranjo com aviões, carros, barcos, estadias em hotéis de luxo, refeições apuradas, deslocações de criadagem para acudir aos digníssimos chefes de Estado, ruído sonoro, etc. Todos ganham, sobretudo suas excelências os ministros e chefes de Estado, que aproveitam para uns dias de repouso nas melhores unidades hoteleiras. Todos menos o clima e à conta dos nossos impostos. 

         - Até porque a defesa do Planeta passou a ser uma ideologia açambarcada pela esquerda, postas de lado outras ideologias que alimentaram a primeira metade do século XX, as religiões, as instituições familiares e assim. Não vejo ninguém a atacar os grandes obreiros do buraco de ozono: indústria de armamento, automóvel, moda, perfumaria, turismo de massas, desportiva, tecnológicas, etc., etc.. São elas que, junto com a publicidade, fazem o desperdício, a avareza, a gula, criam necessidades, dividem pobres e ricos, sacodem o equilíbrio e conduzem ao desespero e à desigualdade. Tudo se passa ao nível de uma moda que dondocas e dondocos apadrinham como fazem com uma qualquer canção choldra, um cantor marreco ou um jogador de futebol idiota. Tudo é efémero, sem direito a entrar nas consciências transformando-as em um bem comum.  

         - O bispo na sua homília de domingo na SIC, arregalando muito os olhos minúsculos, diz “aqui chegados” o país tem tido algum crescimento vindo de grandes investimentos estrangeiros nos últimos quatro anos. A criatura apresenta quadros, gráficos, números  que, preto no branco e passados a cor, parecem ser convincentes como são sempre os números e quadros do Instituto Nacional de Estatística... Só que a pobreza não descola, os hospitais são mantas rotas, o ensino mergulhou num pântano, os portugueses vêem-se à rasca para comer até ao fim do mês, a sua dignidade nunca esteve tão pelas ruas da amargura. O país está melhor para os olhos da UE, para que esta veja nos saldos públicos os olhos dos governantes que governam para a fotografia que os há de catapultar a cargos bem remunerados nas suas instituições. Não tenhamos ilusões. Este oximoro não convence ninguém.  

         - Não se fala doutra coisa: a saída da ribalta política de Jerónimo de Sousa. O seu substituto que ninguém conhece, é uma cópia do que sai, mas com uma particularidade que me atrai e excitará muita gente – foi padeiro. As histórias acerca do padeiro que anda de porta em porta, invadem a superstição portuguesa do encoberto, do que se esconde debaixo da cama e nos armários. É esse casulo de mistério que me apaixona, embora o senhor não seja propriamente um galã, nem possua os atributos físicos do homem de província na sua ingenuidade e inocência. Jerónimo de Sousa marcou a política e, sobretudo, o Parlamento com o seu português impecável que dava cartas àquela massa cinzenta de doutores da mula russa, que se sentam, empolados e importantes, todas as manhãs na Assembleia da República. A maioria não tem onde cair morta. São bonecos manobrados pelos partidos. 

         - A propósito de armários. Então não é que o número de “figuras públicas” que decidiram sair dos armários onde mantinham secretamente vidas paralelas, explodiu. É vê-los mostrando as suas caras-metades barbudas, exibindo físicos artificiais fabricados em saunas e ginásios da periferia, afirmando a felicidade ao lado de homens mais velhos ou do seu personal trainer (desculpem o anglicismo, mas é assim que eles se exprimem), enfim, felizes e contentes com as suas revelações e a possibilidade de atrair contratos, relacionamentos mais abrangentes e experiências e novos e excitantes modos de viver a vida, sem o peso insuportável da mentira e do disfarce. A coisa é tal, que alguns deles passaram da tradicional bicha directamente a quinquicha. As mulheres que se cuidem. Se a moda dura, a abstinência vira problema patológico.