quinta-feira, novembro 03, 2022

Quinta, 3.

O amor entre Virginia e Vita que havia começado em 1926 depois de três anos de namoro, esmorece por volta de 1933. Apesar das muitas ligações amorosas com outras mulheres que se intrometeram na dedicação e admiração que nutriam uma pela outra, ambas ficaram amigas e cúmplices até ao suicídio da autora de Orlando. Trouxe aqui uma carta de Vita, transcrevo agora uma de Virginia quando a relação entrou por assim dizer numa fase morna, manchada por ciúmes:

Já não há espaço, senão contava-te uma história muito triste sobre os ciúmes que tenho de todos os teus novos amores. 

E quando é que te vejo? Porque, como sabes, tu agora amas várias pessoas, mulheres, quero eu dizer, fisicamente, quero eu dizer, melhor, com mais frequência, mais carnalmente do que a mim. 

Em 1933 as coisas não parecem estar resolvidas do lado de Virginia, como demostra o final de uma carta datada de Janeiro:

Será que arranjas um intervalo entre as escarradelas para me escrever? Descreve tudo, até a renda das camisas de noite das mulheres. E acescenta uma declaração, sucinta mas esclarecedora: porque é que Virginia é quem eu mais amo, logo a seguir ao meu marido e filhos. 

E toma muito cuidado contigo. 

Numa outra carta, com data de 13 de Abril de 1934, Virginia Woolf, numa espécie de previsão da tragédia que viria a ocorrer em  Abril de 1941, escreve: Daqui a duas semanas vamos à Irlanda, fazemos todo o caminho terrestre de carro, depois pulamos o canal (...) e subimos até às ilhas mais selvagens, onde as focas ladram e as velhas trauteiam baixinho junto dos cadáveres dos homens afogados, não é? E ali posso talvez ser arrastada para o mar pelos ventos. Mas isso que importaria a Vita? (...) Debaixo deles me sepultaria, não era assim Vita? 

Por esta altura já a correspondência entre as duas se tornara escassa. Vita tinha deixado a vida mundana de Londres e adquirira com o marido o Castelo de Sissinghurst, no Sussex. A guerra de 1939-1944, reaproximou-as e nas vésperas de se suicidar remeteu a 24 de Março de 1941, a derradeira carta a Vita. Esta quando soube da morte da amiga, alguns anos mais tarde, anotava: “Ainda penso que a podia ter salvado, se me encontrasse lá e estivesse a par do estado mental em que ela estava a cair.” Vita faleceu de cancro a 2 de Junho de 1962. Quando terminei a leitura desta epistolografia, dirigi uma oração ao Senhor pelas almas destas bem-aventuradas criaturas. 

         - Moscovo pediu à Organização das Nações Unidas que ajude a cumprir parte do acordo de cereais que ela própria tinha interrompido. Isto porque a economia da Federação Russa caiu a pique e a recessão é tremenda ao contrário do que Putin dizia há meia dúzia de meses. O PIB caiu 4,4%. As 12,739 medidas sancionatórias, mais as restrições impostas pela comunidade internacional, são a causa e o efeito de tal humilhante pedido.