quinta-feira, novembro 10, 2022

Quinta, 10.

Andam a brincar com o fogo. O sujeito que governa a Coreia do Norte, tem-se divertido nestes últimos dias a disparar vários mísseis que atingiram as águas limítrofes do Japão e da Coreia do Sul. Dizem ser um aviso às manobras militares dos Estados Unidos e dos irmãos do Sul na zona, que considera uma provocação e, portanto, digna das centenas de projéteis de artilharia que despejou à porta das suas fronteiras marítimas. Isto não vai acabar bem. O homem é louco e capaz de todos os desastres. É como Putin a única pessoa que pode declarar a guerra. Isso acontece nos regimes ditatoriais que usam desumanamente a juventude como carne para canhão e obediência aos seus interesses. 

         - Marcelo não pára, é um realejo em contínuo. Por este caminhar arrisca-se a ficar na história como o Presidente trolaró. 

         - Agora é a vez dos social-democratas. O PS e o PSD disputam entre si quem de entre os seus mais roubou, quem possui nas suas fileiras os ladrões mais refinados. Os gatunos comuns desapareceram substituídos pelos corruptos do erário público. Em quem confiar! Esta choldra está retratada todos os dias nos jornais e revistas, na televisão e no espaço público: cafés, transportes colectivos, wc, ginásios, igrejas, etc.. 

         - Outro dia chuva diluviana sobre a capital. Tratou-se segundo os entendidos de um pequeno tronado que fez estragos de monta: árvores tombaram, carros amachucados, ruas desfeitas, casas destelhadas e outras tragédias. Aqui, neste oásis de silêncio e bem-estar, nada. 

         - Ontem passei um excelente dia em Évora. Fui lá de propósito para ver na Fundação Eugénio de Almeida a exposição de Jorge Martins, Topomorphias que me encantou (a ela voltarei). A cidade já não pertence aos nativos, foi invadida por uma massa sôfrega de turistas que se traduziu num incrível aumento do custo de vida. Dizia-me uma padeira que as pessoas andam de loja em loja a perguntar os preços dos bens essenciais de forma a poderem comer o mais barato que encontram. Um pão 2,50 euros, um prato vulgar 19 euros, uma empada 1,80 euros, uma azevia 2 euros. Deixemos para trás a desgraça e concentremo-nos nas transformações ocorridas na igreja de S. Francisco que eu não havia tido oportunidade de ver.  Ela esteve entaipada anos, e o que agora se descobre é um assombro de arte que se estende por vários séculos. Todavia, para meu gosto, acho que a limpeza foi excessiva, exibindo as cores vivas que o tempo matizou e em certo sentido interiorizou, fechando cada imagem no silêncio do mistério divino. Não apreciei o altar dedicado à Virgem de Fátima por destoar do conjunto e parecer ter sido metido a martelo naquele convívio barroco. 

         - Que, enfim, vai de par com o gosto duvidoso dos sucessivos autarcas. Eu sou de opinião que estes não deviam ter de maneira nenhuma decisão na matéria. Porque são de uma forma geral analfabetos, sem conhecimentos ou gosto artístico, nem preparação para lidar com matérias desta sensibilidade. Veja-se, por exemplo, o destino dado ao mercado coberto em frente da Capela dos Ossos, hoje uma estrutura sombria, onde funcionam cafés e lojas de mau-gosto, talvez com animação nocturna mais rendosa que as couves e alfaces, batatas e carne, os rostos queimados e sorridentes das vendedeiras e aquela animação criadora que exibem as praças de peixe e legumes aqui como em todos os países da Europa.