terça-feira, outubro 25, 2022

Terça, 25.

A Ucrânia já tinha problemas de sobra e não necessitava de mais este: o governador do banco central está a ser procurado por suspeita de desvio de mais de 200 milhões de hryvnias cerca de 5,51 milhões de euros. O país sempre foi afeito à grande corrupção, mas um tal montante deve ser único. 

         - Forma de falar de António Costa que, de resto, é campeão no uso e abuso do português de bidonville. Esta é a mais recente. Falando de um adversário: ele “diz não importa o quê”. O seu ex-camarada José Sócrates que, depois de ter deixado o poder foi para Paris aprender francês e a tocar piano, não chegou a tanto. Apetece-me acrescentar: n´importe quoi

         - Ontem, pelas dez da manhã, encontrei-me no pequeno café da livraria Bertrand com o João, Virgílio e Luísa. O motivo da reunião, prendeu-se com o interesse que o João e eu temos em adquirir um trabalho do nosso consagrado artista. O enredo é complicado e envolve várias personagens entre elas um brocante dos arredores de Sintra onde contou ir com os meus amigos de hoje a oito dias. Ali estivemos em amena e confortável cavaqueira até à chegada, como sempre galopante, da fome que ataca o nosso camarada impreterivelmente ao meio-dia. Na urgência que se aloja, debandámos. Desci o Chiado na companhia do Corregedor para tomarmos o metro directo para o Vitta Roma onde amesendámos na esplanada. Engolida a refeição, trocámos vivências até às quatro e meia da tarde sobre as inúmeras viagens que ele fez enquanto deputado e eu solitário ou em companhia por este mundo fora. Sem a política que nos divide e o diminui, João é um simpático e agradável interlocutor. 

         - Quando descíamos a Rua Garret, eu dirigi-me a um sacerdote muito jovem (nem 30 anos teria) que subia vestido com o hábito escuro e o clérgima com o quadrado impecável. Disse-lhe que era a primeira vez que via um padre vestido a rigor distinguindo-se assim dos demais. Ele respondeu que os sacerdotes modernos optaram por voltar a usar a veste da ordem ou congregação a que pertencem. Elogiei a opção e disse-lhe que em Roma e Assis vi centenas de seminaristas, padres e frades menores assim trajados pelas ruas e praças. E adiantei que esse péssimo hábito de os clérigos se quererem misturar disfarçados na multidão, era um gesto hediondo contra os princípios e a opção de vida que fizeram, “é distintos em tudo e até na forma de se apresentarem que fazem a diferença e melhor são vistos pelos autênticos cristãos“, afirmei. Deu-me razão e à despedida abençoou-se. (O agnóstico João assistia mudo à conversa.)  

         - Boris Johnson, apesar de ter uma boa parte dos parlamentares do seu lado, decidiu não se candidatar de novo ao cargo de primeiro-ministro. Fez bem. Para o seu lugar, foi indigitado o multimilionário e seu ex-ministro das Finanças, Rish Sunak. A ver vamos o que vai fazer o ricaço (dizem que o casal é mais rico do que o rei) de bom para os pobres. Tenho muitas dúvidas. Para ele ter a fortuna que possui, milhares de pobres à sua volta vivem sem dignidade.