segunda-feira, outubro 10, 2022

Segunda, 10.

Tenho muita pena, mas não acredito minimamente nas propostas económico-financeiras da dupla Costa/Medina para 2023. Foi mais um exercício de descarada propaganda que arrastou empresários e alguns sindicalistas (salvo a UGT), naquela de que é melhor qualquer coisa que coisa nenhuma. Como é que ao fim de seis anos de governação socialista, esta gente ainda acredita num homem que mostrou dizer uma coisa hoje e o seu contrário no dia seguinte, faz leis que ele próprio não cumpre, dá por um lado e retira por outro e assim sucessivamente. Exemplos não faltam situando-me eu apenas nos mais recentes: a lei das incompatibilidades que passou no Parlamento com maioria e não cumprida pelo primeiro-ministro; o cálculo das pensões prontamente desfeito com prejuízos para os reformados e contraditos de Costa como se os velhos estivessem decrépitos ou tivessem desaprendido a somar, dividir e multiplicar. Mais: enquanto toda a Europa apresenta um quadro de preocupação quanto ao futuro, António Costa, qual líder a distinguir-se da mediocridade dos seus pares europeus, aposta em 1,3 por cento de crescimento, um défice de 0,8%, inflação a rondar os 4 por cento e quanto a recessão Portugal por artes mágicas e varinha de condão, não vai ficar imune de tal bicho. Os governos entre nós sempre foram gastadores e os do PS ainda mais. Por isso, quando se verificar os “benefícios” e “bónus” vamos verificar que fica tudo na mesma: os portugueses continuam a ser campeões de impostos, reformas baixas, salários de miséria, nível de vida rasteira e o Estado de olho neles a ver quanto ainda pode sacar mais.  

         - A resposta de Putin à implosão de um camião na ponte Kerch sábado passado que matou três pessoas, não se fez esperar. Ainda não se sabe quem levou a cabo a operação, mas Kiev acordou hoje com vários mísseis a caírem-lhe em cima. O dirigente da Federação Russa está reunido no Kremlin com as principais figuras do Exército e dirigentes políticos com a guerra relacionados. 

         - Depois de um mês de revolta nas universidades e nas ruas à noite que fizeram 180 mortos no Irão dos Khomeinis, estes parece não terem compreendido que nada voltará a ser como antes – a liberdade vai imperar porque o medo é seu irmão. 

         - Ontem, na sua homília dominical, o cardeal da SIC disse que Pedro Nuno dos Santos é um homem sério “porque o conheço há muito tempo”. Não duvido. Porém, todos os outros que o digno prelado não conhece pressupõem-se que não sejam tão honestos assim. Aliás, é bom lembrar, que sua eminência não devia conhecer pessoalmente José Sócrates como outros mais, de contrário teria afirmado que o “manda-me aquilo que tu sabes gosto muito” era por direito de cargo e inscrição no partido, um “menino de ouro”.  

         - Fui a Lisboa debaixo de chuva. Arrumados os assuntos que lá me levaram, sentei-me num café da Av. de Roma a ver os fios de água abundante a cair no asfalto. Pouca gente nas esplanadas, alguma de guarda-chuvas abertos atravessava as ruas num passo apressado. O Fertargus quase vazio. O céu, lá no alto, estendia o seu lençol pardacento. Uma nuvem de inverno varria a atmosfera. Era cavada a voz dos vivos e dos mortos.