sábado, outubro 22, 2022

Sábado, 22.

Ontem voltei ao Dr. Cambeta (e não Gambeta como todos os seus pacientes o tratam vá-se-lá-saber-porquê). Eu só agora soube o seu verdadeiro nome, pese embora o facto de há trinta anos o tratar indevidamente sem que ele me corrigisse. Bom. No seu consultório estava também o operador, Dr. Diogo, e ambos observaram a obra de arte que produziram; os pontos foram cortados e tudo ficou pronto para receber nova prótese que me assenta muito bem. Não é ainda a definitiva; esta só lá para daqui a seis meses.  

         - A senhora Truss apresentou a demissão e foi prontamente posta na prateleira por incompetente. Eu previ isso (ver segunda-feira, 17) não porque seja conhecedor ou comentador político, mas porque observo, leio, sou curioso e independente. Também prevejo há semanas o regresso de Boris Johnson. Isso sou eu na minha pequenez. Os nossos inteligentíssimos jornalistas, que agem segundo a cabeça do patrão, dos interesses de classe, partidários e outros, preferem pensar em manada, dá menos trabalho e é popular. Ser crítico é enfrentar a realidade – e eles têm medo disso. A propósito também espero vir a ter razão no que afirmo sobre Putin (ver quinta-feira, 20). Seja como for, o bloco ideológico já está a malhar no ex-primeiro-ministro britânico. São uns pobres coitados que preferem aprender no Google a queimar as pestanas no estudo atento da realidade, melhor dizendo das realidades. 

         - Passar na Fnac é entrar no mundo inquietante das tentações. Acontece que nesta altura saiu uma caterva de livros que me interessam muito. Se bem os contei, são para cima de uma dúzia, num valor aproximado de 200 euros. Trava aí. Este mês e o próximo estão consignados à avidez do Estado. Qualquer português devia saber que os dois últimos meses do ano são de trabalho forçado não pago.    

         - Chove sem interrupção. Prometem-nos chuva abundante durante toda a próxima semana. Mas já há quem reclame, julgo que são os citadinos tontos e egoístas. Eles estão-se nas tintas para as barragens secas, os cursos de água inexistentes, as terras gretadas da falta dela, as árvores como seres sofredores.