quarta-feira, outubro 05, 2022

Quarta, 5.

A esquerda anda muito activa com a chegada da extrema-direita ao poder em Itália, Áustria, Hungria, mas melhor fora que se ocupasse, com urgência, do fascismo russo. A democracia vigiará os outros. Que eu saiba nas democracias não há nenhum ditador. Como pode um só homem usar carne para canhão nas pessoas de milhares de jovens, arrasar vilas e cidades, provocar a deslocação de milhões de pessoas, prejudicar múltiplos países condenando-os à quebra do seu nível de vida, apenas para satisfazer interesses pessoais, económicos, e megalomania. 

         - Estive com a motosserra a cortar um moutedo de mimosa que brotou da árvore derrubada há anos. Alguns troncos tinham já a grossura de um pulso e todo o trabalho não ficou concluído porque a área infestada é de monta. Fazia pelas dez horas da manhã, calor. Este Outono continua escondido atrás do Verão e assim as temperaturas aqui chegaram aos 33 graus. Seja como for, o trabalho nunca acaba e para fazer jus a Ernst Junger que dizia que devemos mexer-nos mesmo no Inverno eis que não páro. 

         - Se fosse um ano deitado no dorso de quase uma vida, eu estaria com o pé no estribo para deixar Portugal a caminho de Paris. Isso me recordou ontem, em lágrimas, a Annie. Estive perto de ceder e retomar a via de imensos outros Outubros. Mas resisti embora não possa ver ninguém chorar. Continuo à espera que a TAP me devolva a passagem (ida e volta) para Budapeste que não pude efectuar no ano da covid. Era à Hungria que me apetecia ir, mais a mais porque a esquerda portuguesa me impele a fazê-lo. Decerto irei encontrar um país organizado, mais rico que o nosso, sem pobres nas ruas e uma vida feliz e simples como aquela que descobri na Polónia que eles dizem ser igualmente fascista. Tomáramos nós estar tão bem como aqueles dois países recém-chegados à UE que já nos ultrapassaram em riqueza e bem-estar.