terça-feira, outubro 18, 2022

Terça, 18.

Portugal vive à boleia de todos os desastres. O último que os políticos estão prontos a cavalgar é a semana de quatro dias de trabalho. Os partidos que disserem hoje que concordam, podem ter a certeza que obtêm votos imerecidos que os colocarão no topo da sorte grande do poder. Os sindicatos mais afoitos e conhecendo melhor o que a casa gasta, já disseram que aceitam os quatro dias de barriga ao sol e até os louvam, mas com a condição de não haver redução de salários. Aqui têm o quadro do país que somos. Sirvo-me de Beaudelaire: “L´épouvantable inutilité d´expliquer quoi que ce soit à qui que ce soit.”

         - Noites seguidas de delírios sexuais. Eu pensava que estava, enfim, afastado de tais confrontos, eis que uma enfiada de sonhos trouxeram-me o desassossego dos meus vinte anos. À mon age cruel destin!

         - Continuo com a leitura das cartas de Virginia Woolf e Vita Sackville-West, mas no que penso e gostaria de continuar a cogitar, é porque razão a filosofia de Aristóteles é ao mesmo tempo uma filosofia da imanência e da transcendência. Tenho pensado muito sobre o assunto, mas preciso de construir as bases que me levem à descoberta. E quanto mais sei, mais concordo com Sócrates quando afirma: “Eu só sei que nada sei.” 

         - Vou a Lisboa mostrar a pilha de exames anuais à minha médica de família (é assim que se diz?). Até onde os meus conhecimentos chegam, diria que são os resultados de um miúdo virgem sem vícios nem tentações. Só tenho uma única pergunta a fazer à Dra. Lúcia Martins: por que razão fecho o olho direito quando escrevo no computador?