segunda-feira, outubro 03, 2022

Segunda, 3.

Passa largamente da centena o número de mortos e quase duzentos feridos nas escaramuças que se seguiram à final de um jogo de futebol na Indonésia. Os confrontos entre adeptos transformou-se numa autêntica batalha campal, onde entrou de tudo: carros incendiados, violência física, lutas corpo a corpo com a polícia, fãs esmagados, muitos sofreram lesões cerebrais. Esta selvajaria é típica dos alienados do futebol e ocorre por todo o lado e não há quem ponha cobro a isto. O poder do futebol é mais forte que as leis dos países e corre em paralelo com os princípios constitucionais. Enquanto não houver coragem para separar as águas, vão morrer inutilmente muitos cidadãos que amam genuinamente o desporto enquanto atividade lúdica e diversão colectiva. 

         - O opróbrio que vem de Putin, não me surpreende. Desde que o ditador chegou ao poder foi paulatinamente afastando a oposição e todos os adversários, empurrando-os para o exílio, matando-os, prendendo-os. Este Hitler do século XXI, encarna no seu expoente mais horroroso, o desprezo pela vida humana. Desde 2002 quando conseguiu por processos diabólicos a reeleição para a Duma. Nesse ano, “pela primeira vez desde a queda da URSS – diz no seu livro Anna Politkovskaya - a Rússia favoreceu especialmente os nacionalistas extremistas que prometeram aos eleitores enforcar todos os inimigos da Rússia”. Nessa altura o país tinha 40% da população a viver abaixo do limiar oficial da pobreza e hoje anda mais ou menos pelo mesmo número. Chegado ao Parlamento, informou que este não era o local de debate de ideias, mas para pôr a legislação em ordem. Começa então a transformação do homem, impelindo todos os partidos rivais, sacudindo e ameaçando os líderes mais influentes, os oligarcas que não estavam do seu lado. De seguida, chega a sangrenta Segunda Guerra na Chechénia, que a União das Forças de Direita, legitimou. “A Duma - cito a autora de Um Diário Russo – era, puramente decorativa, um fórum cuja função era sancionar as decisões de Putin.” A criatura cresce, desenvolve a autoridade suprema, reduz tudo à sua volta a bicharia miúda que pode esmagar com um dedo, o seu olhar de coruja amplia-se, o coração empedernido anquilosa, o poder abrasa-o, apenas uma ou outra mulher o entretém nas horas pardacentas, a solidão ronda-o. Passa a rodear-se de assassinos, marginais, tipos que ambicionam a proximidade do poder, autênticos gangsters prontos a executar ordens que dele imanem. As muitas guerras e consequentes anexações, deram a dimensão desumana, monstruosa, capaz de tudo até de aniquilara vida humana sobre a terra.           

         - Quem se tem revelado à altura do momento histórico, é Volodymyr Zelensky. Foi oportuno na resposta à execração do discurso de anexação dos oblats, quando horas depois assinou o pedido de adesão à NATO e no dia seguinte conquistou a cidade de Lyman na região de Donetsk. Falam a televisão e os jornais, que expulsou cerca de 5000 soldados russos. Uma tal vitória é de molde a desmoralizar qualquer guerreiro, mas jamais um ditador. Portanto, não se pode cantar vitória. Essa só acontecerá quando a Ucrânia tiver de volta o território soberano. 

         - O furacão Ian varreu a costa sudoeste da Flórida, com ventos de 210 quilómetros/hora, deixando à sua passagem um quadro de desolação e morte. As imagens que nos mostram as televisões, são impressionantes, sobretudo para nós portugueses que não temos, felizmente, estes fenómenos naturais. 2,5 milhões de pessoas receberam ordens para abandonar os seus lares e um vasto território ficou sem electricidade. Um barco com migrantes naufragou e morreram os seus ocupantes, carros ficaram submersos, casas e árvores caíram como baralhos de cartas, um cenário dantesco que mete respeito e diminui na nossa arrogância. 

         - António Costa teve o desplante de achar natural que o Estado perca 3 mil milhões nos negócios de priva/despriva da TAP. O líder do PSD disse tratar-se de um acto criminoso. Com efeito!  

         - A história da sustentabilidade do Planeta anda a ser mal contada. O dinheirão que milhares de chicos-espertos têm ganhado com o buraco de ozono, ainda um dia se fará a soma. Não há menina ou menino, muito produzido, falando do alto dos seus sábios conhecimentos, que são muitos e aterradores e bem fundamentados, não venha à televisão propor economias de tudo e mais alguma coisa. Outro dia, uma donzela de  cátedra, dizia que cada português gasta por mês dois rolos de papel higiénico! De duas uma: ou andam sempre de diarreia ou não se lavam com frequência e, portanto, o fedor deve ser nauseabundo por todo o país ou a menina terá de nos dizer que meios frequenta. Eu é que vou passar a fugir de subir escadas, sentar-me onde outros rabos abancaram e assim. Propõe a douta senhorita, a utilização do bidé que parece ter desaparecido das casas de banho nacionais. Que não aconselhe a família real inglesa; a rainha defunta, quando visitou Portugal, proibiu que as casas de banho dos palácios onde se hospedou tivessem esse objecto asqueroso, o que obrigou ao típico desenrascanço nacional a cobri-los de um enorme bouquet de flores. Quando contei esta história ao Corregedor, ele respondeu: “Grande porca!” Que Deus a tenha! 

         - Eu sou o que há de mais despistado. Vivendo isolado, devia ter atenção redobrada e não deixar as chaves de casa no portão. Oh! mas se tenho o meu exército de ratazanas, cobras, formigas, abelhas, pássaros, cães do vizinho, comandos pelo Black para me defenderem! 

         - Esta manhã fui ao Auchan fazer compras. Na padaria perguntei que tipo de farinha continha o pão que queria comprar, responde a empregada: “Tem farinha! Mas que tipo? É farinha.” 

         - Sentei-me no mesmo supermercado e solicitei um café cheio. Serviram-me meia chávena. Pedi se podia encher, responde a empregada: “Quer mais, é?” Ai o “nosso povo” que é tão educado, um amor de gente quando o frequentamos só às segundas-feiras!