terça-feira, setembro 06, 2022

Terça, 6.

Jerónimo de Sousa: "O PCP não apoia a guerra. Isso é uma vergonhosa calúnia. O PCP tem um património inigualável na luta pela paz. O PCP não tem nada a ver com o Governo russo e o seu Presidente. A opção de classe do PCP é oposta à das forças políticas que governam a Rússia capitalista e dos seus grupos económicos." Certo. Mas então diga claramente que a Ucrânia foi invadida e que o povo ucraniano tem direito à autodeterminação e à liberdade, como frequentemente o partido tem advogado quando fala de outros povos. De contrário, o que se instala, é a certeza que são a favor da paz, mas com o império russo reconstituído. À medida que vou conhecendo melhor a política de Putin e os seus métodos sórdidos para com os seus adversários, sou levado a considerar que Salazar a seu lado era um santo. Ilustre Jerónimo de Sousa, em democracia podemos pensar alto e somos levados pela inteligência e sensibilidade a fazer comparações e a restabelecer a História de acordo com os padrões éticos e morais que a liberdade nos trouxe. Antes podíamos todos passar por comunistas porque combatíamos e estávamos do mesmo lado contra a ditadura – é simples e claro. 

         - É visível para mim que Costa pôs na cabeça e no seu orgulho, que só um posto relevante na UE o pode realizar e elevar ao nível da mediocridade que é Portugal e dos seus agentes políticos. Governar um pequeno país, cheio de galos e galinhas cantando o cocorocó de manhã à noite, é enfadonho, esgotante, frustrante. Isto é manifesto nas medidas que o primeiro-ministro acabou de apresentar com enfoque nas famílias. Aquilo é um jogo de malabarismo, de prestidigitação e corresponde, aliás, à sua forma de governar: António Costa andou sempre a reboque dos acontecimentos, da contestação, do alarido público, da revolta. Desde que chegou ao poder, agora com maioria e muito dinheiro vindo de Bruxelas, não pensou o país como um todo, foi-lhe dando esmolas na forma tão cara a sua excelência de bónus, de modo a acalmar a contestação e sabendo que o pobre contenta-se com pouco. Medidas estruturais não se lhe conhece alguma; quando dá com uma mão, tira com a outra, engana com aquele sorriso desmaiado no rosto trigueiro, ludibria com o sobrolho arqueado de encanto seguido da frase: “Vamos lá ver...”  

         - Vamos então lá ver. Grosso modo, as medidas para acudir ao escandaloso aumento do custo de vida, foram ainda a maneira que ele encontrou para ser como é: um mentiroso de sorriso simpático como são todos os da sua igualha, um avaro com o dinheiro dos contribuintes. Escolheu os mais pobres, que vivem na quase miséria mesmo antes da covid e da guerra na Ucrânia, a que chama reformados, isto é, aqueles que vegetam junto do muro que os separa da vida, à toa, o cérebro e o corpo cansados do trabalho da luta pela sobrevivência. A todos distribuiu 125 euros, mas aos pensionistas vai acrescentar metade do valor da reforma e, deste modo, pensa calar a maior parte da população. No segundo depois, os economistas, os comentadores, os políticos dos outros partidos, a população em geral, já havia descoberto a magia que lhe cheirou a esturro: em vez de para o ano terem o aumento correspondente fixado na lei de 7,1%, vão ter 4,2 por cento, ficando assim mais pobres. Pior: nos anos seguintes a indexação automática das pensões, vai ser encontrada na base dos 4,2%!!! Além de todo este jogo de cifrões não chegar para melhorar a vida das pessoas, vai ainda piorá-la. Em 2023, 24, 25 os reformados vão empobrecer ainda mais. Diz a brilhante inteligência da falcatrua e do chico-espertismo, que é para manter o sistema de Segurança Social. Todos os partidos, desonestamente, ao longo dos anos, têm jogado com esta máxima. Na cabeça deste primeiro-ministro, nada é claro. Tudo é enrodilhado para intrujar o cidadão, enquanto ele olha ao longe o momento em que voará para o paraíso de Bruxelas com um salário e reforma milionários. Atrevo-me a vaticinar desde hoje que, com a ajuda de Marcelo que já começou, o PSD vai ganhar o poder nas próximas eleições, conquanto saiba que António Costa se está nas tintas desde que esteja sentado no lugar por que vem lutando: Presidente da Comissão Europeia.