segunda-feira, setembro 26, 2022

Segunda, 26.

Depois de ter decretado a mobilização para a guerra, Putin foi confrontado com grandes manifestações por todas as principais cidades do grande país que é a Rússia. Calcula-se que foram presas pelo menos 2.000 pessoas. Assistiu-se de imediato a um espantoso êxodo de jovens russos em direcção à Finlândia, Cazaquistão, Geórgia, Turquia. Há muitos quilómetros de carros para chegar a estes países e as viaturas são abandonadas de qualquer maneira nas fronteiras. O ditador, ante isto, decretou 10 anos de prisão para todos os faltosos; estes têm de decidir morrer a combater numa guerra idiota ou ficar encarcerados uma década – a fuga a este clima de horror, é o exílio. Anna Politkovskaya, num livro publicado em 2007 pela editora Pedra da Lua, portanto antes deste que terminei de ler a semana passada e de que aqui falei diversas vezes, e pouco tempo antes de ser assassinada à porta de sua casa, aos 48 anos, em Outubro de 2006, escreve no A Rússia de Putin: “Vladimir Putin, produto dos mais obscuros serviços secretos do país, não conseguiu ultrapassar as suas origens e deixar de se comportar como um tenente-coronel do KGB soviético. Putin continua a estigmatizar com afã os seus compatriotas amantes da liberdade, persistindo em esmagar a liberdade, como sempre fez ao longo da carreira.” Recordo que Putin chega ao poder pelas mãos do alcoólico Boris Iéltsin, em 2000.  

Segundo o orador domingueiro da SIC, muitos são os portugueses (imagino extremamente bem informados) que começam a cansar-se da guerra e das suas consequências nas suas vidas e acham que a UE devia fazer concepções à Rússia. Do púlpito e muito bem, o pregador informou os compatriotas egoístas o que estaria em causa se isso viesse a acontecer: em breve Putin subjugaria à sua tirania toda a Europa. Como aconteceu, acrescento eu, quando da guerra monstruosa da Chechénia que logo se estendeu às regiões circundantes: Daguestão, Ossétia do Norte, Ingúchia, Kabardino-Balcária e mais tarde Crimeia e o território do oblast e por fim a Ucrânia. O homem é louco e capaz de ultrapassar todas as barreiras inimagináveis. 

         - Das eleições (mais uma) na Itália, saiu vencedora a coligação de direita com o colecionador de Botox (ao lado dele só Ronaldo e o cómico Castelo Branco) em pleno, Matteo Salvini e a senhorita Giorgia Meloni, líder do partido Irmãos de Itália. Sobre a dita ida às urnas, lá como cá, embora lá a abstenção tenha pela primeira vez ultrapassado os 30%, ninguém parece importar-se com o voltar de costas à democracia por um substancial número de eleitores. A nossa esquerda ficou alarmada como se a direita italiana ou outra, não tivesse direito ao jogo aberto da democracia. Por mim, só o combate à globalização me une a senhorita, tudo o resto que ela defende é detestável, particularmente nesta ocasião o ódio que tem à imigração e não disfarça, contrário aos princípios da Igreja Católica que diz praticar. Enfim, que venha breve outra ida às urnas. De todo o modo, os italianos não estão preocupados com o retorno a qualquer forma de fascismo, e pragmaticamente apontam a sua defesa ao facto de o país estar na União Europeia. Foi a mesma razão que levou Mário Soares a candidatar Portugal à então CCE.  

         - A revolta não abranda. Há nove dias que a contestação ao regime odiento do Irão não larga as ruas, onde já foram mortos pela polícia dezenas de corajosos jovens, mulheres e homens. Lá como cá para os comunistas, tudo o que leve à revolta dos regimes opressores, é obra dos americanos. Eles dividem o mundo e deste modo sustentam as suas razões, entre quem está com a Rússia e contra a América ou quem está por esta contra aquela. 

         - Hoje não deixei este oásis. Trabalhei o dia todo em duas frentes: no corte dos taralhoucos, na escrita e leitura. Estou quase a terminar de rachar os monstros, mas para isso trabalhei no duro – acabei feito num oito de três troncos. Uma parte já foi recolhida no telheiro, a outra sê-lo-á amanhã se não for a Lisboa. 

         - Fabuloso concerto ontem à tarde no canal TV5Monde com a orquestra de Lucerna no auditório KKL da cidade, lindíssimo.