sábado, setembro 24, 2022

Sábado, 24.

“Quando é que o PCP convoca uma manifestação pela paz contra Putin?” pergunta, oportuno, Pacheco Pereira no Público. Eu respondo: “Nós somos pela paz. Quando a Ucrânia voltar à posição territorial que tinha antes da invasão forçada dos nossos camaradas.”  

         - Sim, não se compreende a posição dos comunistas portugueses. Bem sei que a Rússia foi berço e protecção dos da velha guarda, mas apoiar um homem que encarna o capitalismo na sua versão mais abjecta, e pela arrogância e ambição está acima de todos os capitalistas americanos, dá que pensar. 

         - O Irão está a ferro e fogo. Todas as noites há distúrbios, já morreram uma vintena de pessoas, carros incendiados, multidões desceram às ruas, as mulheres queimam nas fogueiras véus e cabelo. Tudo pela morte de uma rapariga às mãos do regime ditatorial que apoia Putin, por não usar o véu conforme a Sharia. Tal como o algoz moscovita, os novos Khomeini querem o povo amouxado, cumpridor do Corão, subdesenvolvido e temente a Maomé. 

         - Desde que mandei cortar a grande mimosa que ameaçava cair para cima da casa, que ficaram no sítio do seu nascimento, um montão de troncos impossíveis de cortar ou rachar. Ali estiveram cinco longos anos até que anteontem, guardada a lenha para o Inverno, decidi afoitar-me a rachá-los em três partes. Como fiz eu? Comprei um ponteiro de ferro com uns 20 centímetros e com uma marreta de ferro, apontei ao tronco tentando fazê-lo entrar até ao fim (que linguagem, jovem!) e desse modo abri-lo em dois. Foi nesta operação que estive esta tarde para cima de uma hora, ao cabo da qual saí feito num tronco. Tenho ainda mais meia dúzia para rachar e de seguida uns quatro carros de lenha a levar para o dormitório de Inverno. O curioso, mesmo no limite da minha força, era invadido por um raio de felicidade que atravessava todo o meu ser. Sentia-me realizado, feliz por ter sido capaz de fazer um trabalho que me estava em princípio proibido. Bem diz a minha assistente operacional (vês como aprendeste!) quem o viu e quem o vê! 

Os monstros 

O silêncio do Inverno 

O Inverno do meu contentamento. (As ovelhas não são minhas, foram emprestadas para a fotografia...)