sábado, setembro 03, 2022

Sábado, 3.

Ravil Maganov, empregado superior da segunda maior empresa privada Rússia, a Lukoil, atirou-se do sexto andar do hospital onde se encontrava internado e teve morte instantânea. Foi ele que se suicidou e não mão criminosa que o lançou para a morte, informa o hospital. As autoridades confirmam que foi uma queda, os fanáticos admiradores de Putin, comunistas e quejandos, acreditam como crêem nas outras mortes do mesmo género que vêm acontecendo depois do começo da invasão da Ucrânia e montam já, se não estou em erro, a dez. Este presidente do conselho de administração da empresa de petróleo, Lukoil, das primeiras a assumir posição crítica em relação à guerra na Ucrânia, desaparece decerto às mãos dos assassinos do KGB/FSB a soldo de Putin. Chui isso não se diz! Eu acredito que assim tenha acontecido, porque assim aconteceu ao longo da história da Federação Russa chefiada por Putin e em memória da jornalista Anna Politkovskaya mandada matar pelo criminoso oligarca da Rússia. 

         - Ao entrar no supermercado, dou com uma fila enorme de jovens de ambos os sexos sentados no chão em fila. Pergunto a uma rapariga: “Vocês estão a cumprir alguma penitência?” Ela, sorrindo: “Estamos para comprar bilhete para o concerto X.” O empregado que ouviu a pergunta, responde-me: “Estão aí desde ontem à meia-noite, dormiram lá fora e tudo.” Depois, num tom que não deixava dúvidas: “Se fosse por uma causa importante, nenhum deles aparecia.” Na realidade, observando-os com atenção, metiam dó, e o espctáculo de rodilhas escuras alinhadas no chão, cabeças curvadas sobre os teclados dos telemóveis, apelava à compaixão. Lembrei-me dos pais: quantas privações para saciar as vidas vazias dos filhos! 

         - Mimos da nossa língua, oferecidos por políticos, jornalistas, apresentadores de televisão e outros defensores do português: 

“Desta vez não tive como não aceitar a demissão” - português de António Costa a propósito da saída da ministra da Saúde.

“Até há pouco muito pouco tempo atrás” – jornalista da SIC.

“Identificado que está” – jornalista da RTP1.

“As partes não estão a corresponder com as várias partes” – alguém na SIC.

“Qual é que é o prazo?” – faladar de ministro. 

“A criança vinda sabe-se lá da onde.” – expressão de advogado na SIC.

“Eles são mais intimistas que nós.” modo de contar na RTP1.

“De alguma forma arranjam formas.” – assim se fala na SIC.

“A Ucrânia está sobre uma guerra sem fim.” Modo de se exprimir todos os dias da actual repórter na Ucrânia da SIC. 

Infelizmente a Ucrânia está sob uma guerra e até um genocídio. 

         - No Paquistão onde a vida desapareceu engolida pelas monções e os habitantes ficaram apenas com os farrapos que lhes cobrem o corpo feito uma tira de ossos e pele translúcida, no actual estado do mundo, quem poderá acudir com ajuda que começa a rarear por todo o lado? A nossa pobreza europeia, comparada com aquilo que se vê nos jornais televisivos, tem excessos e desperdícios que ali seriam bênçãos celestes – não fôssemos tão egoístas. 

         - No mercado do Pinhal Novo, esta manhã, um pobre pedia esmola. Dei-lhe um euro e uma mulher que viu a moeda, diz-me: “Você dá um euro! É muito generoso.” Respondi:  “Que pode ele comer com um euro? - Oh, ainda assim...”