sábado, abril 30, 2022

Sábado, 30.

Toda a sorte de armamento bélico converge para a Ucrânia. Parte da NATO e do Ocidente num envolvimento de retaguarda que garanta a vitória a Zelensky. A NATO não se expõe directamente, mas está nas costas dos infelizes ucranianos. Putin mandou dizer que utilizará acções relâmpago contra os países que ajudarem Kiev. A ver vamos como tudo isto vai terminar. 

         - Entretanto, os muros altos do Kremlin vão abrindo brechas. Não deve ser por acaso que uma série de mortes de oligarcas russos aconteceram neste último mês. Sergey Protosenya, de 55 anos, executivo da empresa de gás da Rússia, foi encontrado morto, na sua mansão, em Espanha, por enforcamento. Com ele estavam também os cadáveres da mulher e da filha de 16 anos, ambas esfaqueadas. A fortuna do senhor, estava avaliada em 400 milhões de euros. Vladislav Avaev, outrora vice presidente da Gazprombank, e antigo ministro, foi descoberto morto no seu apartamento, em Moscovo, e a seu lado a mulher e a filha. Os três foram baleados e a arma foi deixada ao lado do corpo do oligarca e o apartamento trancado por dentro. Em Janeiro, o director da Gazprom, Leomid Schulman, de 60 anos, foi visto morto na casa de banho da sua residência em São Petersburgo. Uma carta apontava para suicídio. Seguiu-se Alexander Tyulyakov, de 61 anos, vice-director da Gazprom, e o magnata do petróleo Mikhail Watford, de 66 anos, ambos enforcados, um na região de São Petersburgo, outro nos subúrbios de Londres. Por último, Vasily Melnikov, antigo funcionário duma empresa de equipamentos médicos, achado morto ao lado da mulher e dos dois filhos de 4 e 10 anos, no seu apartamento de Nizhny Novgorod sem vestígios de luta ou arrombamento. Estas mortes sinistras e implacáveis, de que o ditador é useiro e vezeiro, seguem na linha do historial da nação russa ao longo dos séculos. O país sempre foi governado por loucos, sanguinários e déspotas. A vida humana nunca contou para imperadores, czares e bolcheviques. 

         - Até me custa falar do dia auspicioso e feliz que se espreguiçou pelo campo. Do céu descia bem-estar, luz quente, silêncio flutuante, paz jovial. Fui ao mercado dos pequenos agricultores e voltei para casa começando a preparar a abertura do terraço. O Black, feliz, dormitava sobre a tijoleira à sombra da mesa redonda onde acontecem refeições e trabalho sob o grande guarda-sol. Depois do almoço, sentei-me debaixo do telheiro a ler e deu-me o sono devido ao aconchego do calor que não feria. Devo ter dormido uns quinze minutos. De seguida veio a Piedade fazer arroz doce (ela faz como ninguém) e eu quis estar a seu lado para aprender. A quantidade deu uma terrina para mim e duas tigelas que ela levou. Falar assim encolhe-me de constrangimento, quando não muito longe milhares de pessoas e cidades são atacadas, mortas e destruídas por um fanático.