terça-feira, abril 26, 2022

Terça, 26.

Cria tanto falar da overdose do advérbio de lugar “aqui” que substituiu o termo “resiliência” e outros mimos linguísticos que são hoje bandeira de bem falar a nossa língua, apregoados por políticos diplomados nos mais diversos cursos, senhores jornalistas, meninas prendadas, naturalmente, psicólogas, apresentadoras disto e daquilo, rapazes com um corpinho adelgaçado que pulam nos ecrãs de televisão e arrasam com os seus trejeitos a língua portuguesa. Mas valerá a pena num mundo onde reina a frivolidade e a ignorância? 

         - Meti ombros à tarefa de reler em tradução portuguesa o ensaio O Livro Tibetano da Vida e da Morte de Sogyal Rinpoche. Logo na apresentação, Dalai Lama quase esquecido no Ocidente depois de ter sido corrido pelos chineses do seu mosteiro de Lhasa, diz: “Se desejamos morrer bem, também temos de aprender a viver bem: para termos a esperança de uma morte pacífica, temos de cultivar a paz na nossa mente e no nosso estilo de vida.” No fim das 570 páginas saberei se fiquei mais próximo da paz que sua Santidade reclama. O problema da filosofia tibetana é que todos dependemos das forças “cármicas” no momento da nossa morte e estas influenciam a qualidade do nosso próximo renascimento. Bref

         - A minha admiração está colada à governação de Boris Johnson e à sua luta pela liberdade e a democracia. Foi uma pena a UE ter perdido o Reino Unido que é de todos os países da União aquele que melhor e mais inteligentemente se bate pela liberdade. Desde a primeira hora, juntou-se aos ucranianos e por eles tem feito uma campanha real, sem hipocrisia, distinguindo-se dos de mais pela lucidez e coragem. Agora acrescentou ao muito que tem levado a cabo, que fossem abolidas tarifas sobre os produtos importados da Ucrânia. Todas as tarifas sobre as mercadorias importadas da Ucrânia serão reduzidas a zero e todas as quotas removidas em virtude de um acordo de livre comércio, como apoio económico à Ucrânia. Quando Boris Johnson se encontrou em Kiev com Voodimir Zelensky, este pediu-lhe que liberalizasse as tarifas e o apoio à economia do país. Está feito. Nada de patuá, acção imediata. Os outros vão reunir, almoçar, viajar por aqui e por ali, blá blá pelas noites dentro e o mais que não digo, mas diz sem papas na boca Eugénio Lisboa. A nossa imprensa sabichona e independente, acusa-o de merdelhices, pecadilhos que são próprios da sua natureza irreverente e que eu não dou importância nenhuma – antes o saúdo.  

         - A nova estratégia é esta: amedronta-se com a Terceira Guerra Mundial, como fez hoje o vitalício e riquíssimo à conta da pobreza extrema dos russos, ministro dos Negócios Estrangeiros. As mentiras e subterfúgios são mais que muitos e não se pode confiar naquela gente. Primeiro, foi a parada em torno da Ucrânia ditos exercícios normais, antes tinha sido a invasão da Crimeia, depois as repúblicas ditas independentes mas sem cheta para se governarem... Todo este crime a que somos contra vontade compelidos a assistir em directo, foi calculado desde 2014. Putin e seus comparsas, cuidaram de arranjar sistemas alternativos (o Mir, por exemplo), que levaram a Visa e Mastercard a criar sistemas de pagamentos autónomos baseados na Rússia. É o que diz a autoridade na matéria, Ricardo Cabral. Seja como for, a inflação no final do ano não deve andar longe dos 60 por cento.   

         - O que é um dia perfeito? Duas páginas no romance, leituras depois do almoço, terminar de roçar a erva em torno da piscina e, aproveitando a gasolina que restou no depósito da Stihl, começar a limpar em frente à casa e ir até ao fundo do portão. Por sobre tudo isto, não ter posto os pés fora da quinta. Oh, supremo bem!