segunda-feira, abril 25, 2022

Segunda, 25.

António Guterres decidiu sair do seu gabinete luxuoso para um giro de paz pela Turquia, Rússia e Ucrânia. Tarde e a más horas. Entretanto, milhares morreram, cidades foram destruídas, milhões foram obrigados a deixar as suas terras e enfrentar o exílio forçado, famílias inteiras separadas, caos, sangue e sofrimento por todo o lado. À hora a que ele optou por actuar enquanto Secretário-Geral das Nações Unidas, vai sofrer o vexame, puro e duro, de Putin que só conhece a violência e se está nas tintas para a ONU e outros organismos semelhantes. A passividade e ronceirice da Organização é revoltante. Milhares foram escolhidos para nos representar, milhares instalados na boa vida da diplomacia, entregaram-se ao vício, aos ganhos excessivos, e ao que diz Ernesto da Cal (ver 14 deste mês). 

         - Macron não pode cantar victória; quando muito Marine Le Pen pode saboreá-la porque subiu imenso desde o último escrutínio. Todavia, felizmente, foi ele o escolhido dos franceses de contrário teríamos na Europa um Trump de saias – o que seria um horror. 

         - Nem por isso a guerra parou. Apesar de a Igreja ortodoxa pedir tréguas durante a Semana Santa, Putin rejeitou e pelo contrário atacou com mais intensidade. O revoltante de todo este conflito e merece ser olhado com olhos de terror e espanto, revolta e desconfiança, é que as armas que matam foram vendidas à Rússia pela França e a Alemanha que contornaram durante anos o embargo que ficou estabelecido. Eu se estivesse no lugar de Zelensky, obrigava os dois países a assumir as despesas de reconstrução do país.    

         - Hoje não pude brincar ao “25 de Abril Sempre”. Ouvi vagamente o discurso de sua excelência o Presidente da República e pareceu-me uma peça de demagogia clara. Fazer depender a democracia dos militares de Abril, é transformar os portugueses em subordinados do Exército e suas figuras de proa. Tudo o que está errado e não foi corrigido com a democracia e vem do fascismo, continua a consumir o povo português, mas isso não diz respeito aos políticos, entretidos com a pompa e circunstância em que se transformou a data, com os salamaleques provincianos do “senhor doutor”, “senhor general”, “sua excelência” a torto e eito, num hemiciclo de cangalheiros, aperaltados como se tivessem saído da missa de domingo do dia de Todos os Santos.  

         - Não me diverti no 25 de Abril porque tive aqui muito trabalho e só se avança e produz riqueza com esforço e labuta e não com patuá. Deu-se o caso, embora tivesse dormido muito mal, a cabeça sempre num rodopio de fantasias, efabulações em construção e logo desfeitas, apesar disso, fiz duas horas de manhã a roçar erva em trono da piscina e mais hora e meia depois da leitura à tarde. Não ficou tudo concluído, mas saí satisfeito para um duche cansado e feliz. 

         - Estou numa fase de maus sonhos, depois de duas semanas de noites serenas com directas de sono de sete horas. As auroras são tenebrosas, tudo desagua nelas, inquietando-me, projectando-me para um futuro que não sei de onde vem e não carrega nada de luminoso. Felizmente depois, Deus ressuscita em mim o dia e tudo se harmoniza e a confiança instala-se.