sábado, abril 16, 2022

Sábado, 16.

Ainda não dou por certo que tenha sido o exército ucraniano que abalroou o estandarte do orgulho russo – o Moskva. Os americanos já confirmaram, mas eu não gosto de confiar neles por inteiro – há sempre em mim alguma reserva. Assim como não acredito que a tripulação se tenha toda salvo. Não há nenhuma prova disso, e sabemos como Putin respeita a natureza humana e mente sem vergonha. O que se sabe, é que a ira do fascista engrossou e desde ontem que os bombardeamentos não param. De outro modo, aquela de Putin proibir a entrada no país de Boris Johnson, só pode ser anedota para nos alegrar de tanta tragédia. Que eu saiba o primeiro-ministro do Reino Unido nunca teve desejos de passar férias num pais de regime ditatorial, ele que honra tão bem a tradição inglesa do amor à liberdade e à democracia. Penso até que já nem os oligarcas multimilionários que viviam em Inglaterra à grande e à francesa e Boris expulsou, não querem mais voltar para o país governado por aquele que eles defendem e foram por ele defendidos. 

         - A propósito, não acredito que a Rússia possua exército para atacar a Finlândia e a Suécia se estas duas nações aderirem à NATO como parece ser seu desejo. Os russos, como se prova, não têm capacidade para sair com dignidade da Ucrânia quanto mais de aqueles dois países nórdicos. Quanto ao armamento nuclear que dizem ir instalar ao longo dos mil e tal quilómetros de fronteira, é blague. O antigo primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb, disse ao Financial Times: “Desejo recordar com gentileza, que não há nada de novo. As armas nucleares já lá estão. Vamos parar de espalhar a propaganda de Moscovo.” E acrescenta para que se faça história: “A nossa adesão à NATO foi decidida no dia 24 de Fevereiro, quando a Rússia e Putin atacaram a Ucrânia.”   

         - Faleceu Eunice Muñoz. Conheci-a pessoalmente no tempo do António Barahona. Era um prazer falar com ela: discreta, gentil, sóbria de atitude, um sorriso no rosto como mancha de sol a iluminar-lhe a expressão, silenciosa também, ouvindo com atenção o que se dizia à sua volta. E nesse tempo borbulhavam ideias de todo o lado. Fui algumas vezes vê-la ao teatro e fui como toda a gente atraído pela magia da actiz extraordinária, assim por aqueles silêncios que paralisavam a sala, pelo espectáculo dentro do espectáculo que ela era. Paz à sua alma. 

         - O sábado é como de costume muito alvoroçado: encher a máquina de roupa, pô-la depois a secar ao sol, apanhá-la e dobrá-la para que a Piedade se ocupe de passá-la a ferro, cozinhar dois pratos para arquivo, ir ao mercado dos pequenos agricultores do Pinhal Novo, leitura e escrita. Não páro quieto. Nem à pequena sesta de 10 minutos tenho direito. Assim prendado como sou, quem me levar leva um diamante bem lapidado, com bónus suplementar: o coxinho, coitadinho!