quinta-feira, abril 07, 2022

Quinta, 7.

O PCP votou contra a palestra de Volodomir Zelensky (à distância) na Assembleia da República. Por proposta do PAN, coitado, que se quis agigantar sendo pequerrucho. E também do país que pretende fazer como os demais parlamentos sendo, naturalmente, minúsculo. É esta a política dos nossos dias - uma banalidade de Maria faz como as outras. Tudo o que cheire a exibicionismo, a importância serôdia, a cagança, ei-lo Portugal no seu melhor. Entretanto, do que o Governo, as autarquias, os políticos em geral se deviam ocupar e batalhar, era pelos infelizes que nos bateram à porta e são aos milhares e muitos deles começam a ficar abandonados à sua sorte porque não temos capacidade nem inteligência para os proteger. A razão do PCP para votar contra a iniciativa, está em linha com as suas escolhas e o princípio que tem de se escolher um dos lados: americano ou russo. Eles estão continuamente do lado da Rússia, pratique ela os crimes que praticar. Quanto a mim escolho estar do lado da democracia e da liberdade, pelo simples facto que a posso vilipendiar se me sentir ferido, enquanto do lado de Putin sou assassinado, vivo na opressão e na miséria. Ou seja humilho-me para que ele glorie.

         - Ontem fui ao dentista experimentar a prótese definitiva – recusei-a. Tendo fornecido ao técnico uma foto onde sorrio com todos os dentes, era de esperar que o seu talento chegasse para a reproduzir – não chegou. Depois fui ao Corte Inglês levantar o livro de José Milhazes sobre a Rússia onde ele viveu uma parte substancial da sua vida. É uma personagem fora do baralho que aprecio. O João não gosta dele, e esse facto é para mim factor de credibilidade. De lá trouxe o jantar e vim no comboio (pró tarde) apinhado de mulheres e homens dos serviços e similares. 

         - Eu admiro e louvo Boris Johnson. É sempre o primeiro na revolta e indignação que lhe causa os horrores na Ucrânia. Afastado da UE, comunga de tudo o que ela faz não deixando de actuar oportuna e arrojadamente, só. O Reino Unido com ele à frente é o farol que conduzirá a Ucrânia à vitória sobre a Rússia. Ainda porque admiro a personalidade, aquele seu jeito um pouco clown que não se envaidece, antes se apresenta na sua forma humana de ser, com suas fragilidades políticas e pessoais.    

         - Regressar ao romance agora que as aflições tendem a esmorecer impulsionadas pela vida que lhes leva a palma. Ontem e hoje trabalhei serenamente, sob o fundo dos tachos e panelas driblados pela Piedade na cozinha. Estar só e sentir alguém por perto é para mim o centro da quietude e, portanto, da felicidade. Oh, querido silêncio, como somos fraternos e, simultaneamente, presentes onde o alarido do sofrimento nos convoque. Faz hoje um mês que a Maria Luiza nos deixou.

         - Chegou aí pela primeira vez este ano o cuco. Levou a tarde a cantarolar no seu modo a um tempo monótono e festivo. É uma companhia que me agrada ter.