quarta-feira, abril 20, 2022

Quarta, 20.

Mas os horrores da guerra chamam-nos à realidade para um mundo em decomposição. Nada nem ninguém demove Putin dos seus crimes, do seu frio e calculado rumo de sofrimento e sangue, indo de par, de resto, com os seus antepassados, quando o poder era mais forte que os laços familiares. Ele aposta tudo agora em Donbass que foi onde tudo começou, mas as tropas ucranianas não cedem e até reconquistaram Marinka na província.  

         - Cavaco Silva ainda inquieta os fracos políticos que nos governam. Num artigo (decerto corrigido portuguesmente pela mulher), repete que Portugal não descola da cauda da Europa. É um panegírico cheio de raiva e ódio, todo ele deitado sobre o único tema que sempre o absorveu – a economia. As  pessoas jamais o interessaram e como bom contabilista que nunca deixou de ser, esquece-se que quando foi primeiro-ministro garantira que ia descolar Portugal desse lugar – promessa não cumprida. Pelo contrário (se bem me lembro) até descemos para o penúltimo posto. No entanto, tanto ele como a mulher, são devotos da Senhora de Fátima e a distinta esposa até coleciona presépios! Mas para Cavaco Jesus veio ao mundo para redimir as contas bancárias dos seus amigos e vizinhos ricaços... e quanto a isso estamos conversados.  

         - Por falar em personagens singulares da nossa história recente. Vale e Azevedo é uma delas. É aquilo a que se chama um gatuno simpático, que nos leva com o seu sorriso civilizado e doce. Vive à grande em Londres, toda a gente conhece a sua morada, mas ninguém o consegue localizar para o trazer de retorno à prisão. Oh, oh, como é fascinante ser português... e ladrão! 

         - Uma das melhores coisas (entre tantas outras) de o PS ter a maioria é esta: oferecer de mão beijada os bons lugares na administração pública pagos à americana. Veja-se o caso de João Leão. O ex-ministro das Finanças, para além de ter negociado o cargo de vice-reitor do ISCTE quando ainda era ministro, levou para o ISCTE uma verba de 5,2 milhões de euros do Orçamento do Estado por ele produzido e assinado. Homessa! Então não é de direito! Invejosos, é o que vocês são! 

         - Fui à exposição na companhia do João Corregedor sobre o tema da Censura no tempo do Estado Novo patente no rés-do-chão do Diário de Notícias. A ela voltarei amanhã. 

         - Ontem e hoje estivemos sob forte vendaval. Noite e dia rangeram as árvores, as portas e janelas e o Black. Eram rajadas fortes que pareciam passar por aqui para deixar uma mensagem que ninguém conseguiu decifrar, e abalavam com a mesma intensidade abrindo alas a outro aluvião ruidoso que rodopiava e partia também. Todavia, nada ficou como antes, qualquer coisa de indecifrável alterou o ar, o ambiente, os seres vivos, os animais e toda a atmosfera campestre habitualmente cordata e doce, foi tocada pela violência do inoportuno visitante. As fúrias da Natureza são formas esotéricas de nos anunciar o futuro-presente.