sexta-feira, abril 15, 2022

Sexta, 15.

A Rússia, Putin e o seu exército, são redondos mentirosos e não se pode confiar minimamente neles. Ontem perderam a maior jóia da coroa do Exército Russo: o Moskva. O navio de guerra afundou-se no mar Negro quando (dizem os russos) era rebocado devido a incêndio a bordo. Antes, a Ucrânia, tinha reivindicado o lançamento de dois mísseis Neptuno sobre o brinquedo do tempo da URSS que, naturalmente, Moscovo nega. Era uma autêntica cidade flutuante com 186 metros, tripulação de 500 operacionais, e tinha toda a tecnologia que lhe permitia reduzir à distância cidades a escombros. Se se confirmar que a operação de destruição foi obra do exército ucraniano, esta proeza contribui não só para o orgulho nacional, como para atrasar os planos de Putin. A tripulação salvou-se e os generais contactaram, via rádio, os soldados estacionados na zona costeira para que se rendessem; resposta destes: “Ó navio de guerra russo, vai-te foder.” Belo. Belíssimo. 

         - A questão é esta: enquanto os soldados ucranianos lutam por causas: o seu território, a liberdade, o futuro; os soldados russos, a maioria jovens sem experiência militar, são carne para canhão. Daí a sua raiva, o seu ódio íntimo a Putin, que descarregam sobre as mulheres, as crianças, violando-as, matando-as, pilhando as casas, deixando-as em estado impróprio de seres humanos, à sua passagem. Ou eu me engano muito, ou a Rússia vai repetir ali o seu vasto passado de impreparação para a guerra e Putin vergonhosamente derrotado numa batalha que julgava ser a feijões. 

         - A ONU, custa-me dizer, tem sido inexistente num conflito desta natureza. António Guterres revelou-se um Secretário-Geral fraco, indeciso, sem acção nem força. Deixou-se arrastar nos interesses dos mais fortes e há muito que devia estar na dianteira, inclusive com presença em Kiev. Tem feito muito mais Boris Johnson, mesmo (fraco também, mas ainda assim) Macron. 

         - Fernando Medina que está anafado e por isso perdeu aquela cara de bebé Nestlé, anunciou que não aumenta os vencimentos da função pública para que não haja mais inflação – era ipsis verbis o que dizia nas “Conversas em Família” Marcelo Caetano. Lembro-me bem. 

         - Que prazer, que prazer rever o João Biancard! O meu amigo arquitecto que projectou esta casa. Estivemos a pôr a vida em dia uma data de tempo e sempre como nos alvores da nossa amizade sob o entusiasmo desconcertante que então existia entre nós. Fez duas operações nestes últimos tempos, mas o ânimo, a boa disposição, não esmorece pese embora os 81 anos. Diz ser-lhe indiferente a morte, continuando a viver como um monarca retirado no seu belo e imenso château. E sempre só! Perguntei-lhe como é chegar aos oitenta. “Olha, nem sei que dizer. De que não gosto é que me alterem as rotinas, chateia-me ir à Lisboa, não consigo estar de pé muito tempo, não tenho paciência para a maior parte das coisas que me absorveram a vida.” Voilà o que te espera, ó jeune homme. 

         - Dia de autêntico Verão. A máquina pegou, enfim, embora só permitindo duas passagens em torno da piscina, depois amochou. E ainda bem. Porque saí alagado e cansado, devido à canícula que aqui se instalou.