terça-feira, outubro 19, 2021

Terça, 19.

Os Legros quiseram acompanhar-me até parte do percurso. Antes de abandonar o restaurante onde eles me banquetearam, perguntei ao Backer se estava de acordo em me deixar fazer o passeio. Ante a afirmativa, fui de Montparnasse pela rue de Rennes, Saint-Germain des Près até Saint-Michel; longa promenade de mais de uma hora ao encontro de Julien Green. Pelo caminho assisti a um protesto estudantil como a foto documenta. Os franceses adoram reclamar e fazem-no nas ruas com o vigor que se lhes conhece. Por serem assim, já levaram Chou Chou a adiar leis, a repor outras, a suster leviandades presidenciais. Chez Gilbert estava quase vazio, como limpo andava o metro. Dá-me ideia que os franceses têm medo da Covid-19 e evitam aquele meio de transporte. A linha 13 habitualmente um susto, hoje cumpria as instruções mais severas contra a pandemia. Da livraria trouxe o segundo volume do Journal de Green que tinha encomendado na Fnac do Chiado e no derradeiro dia fui por ele e obtive a resposta da sua impossibilidade e também uma mapa da Ucrânia por onde Semyon terá de passar.  


         - A Carmo Pólvora telefonou-me à noite no dia em que almoçámos juntos preocupada com a minha ausência durante o almoço. Pedi-lhe que se explicasse e cheguei à velha conclusão: o escape frequente em mim. Estou, ouço e olho, mas o meu eu está algures num espaço fundeado no subconsciente de mim. Tendo a Maria Luísa falado logo a seguir, falei-lhe do que havia contado a Carmo e logo a minha irmã: “sempre foste assim, aéreo”. Bolas!