quinta-feira, outubro 07, 2021

Quinta, 7.

Desde muito cedo percebi ao que vinha António Costa. Desde logo pela forma como correu com o seu antecessor António Seguro, a sua personalidade estava estampada naquele gesto sem precedentes; depois, no início do seu mandato, as sucessivas facadas no programa que havia apregoado, os truques para conseguir governar sem ter tido a maioria - apesar de a austeridade que Passos Coelho teve de impor devido aos milhares que todo o mundo roubou a começar pelo primeiro-ministro José Sócrates -, foi a ele que os portugueses deram o direito nas urnas de governar; isto sem falar na aberração de uma democracia que é controlada por dois partidos ultra-minoritários de esquerda seja lá o que isso for. Mas demos a palavra ao homem que acerta em cheio e põe o dedo na nossa ferida colectiva de modo a que a dor seja menos suportável – José Miguel Tavares. No artigo do Público deste dia, ele sintetiza o que eu venho dizendo nestas páginas em meia dúzia de anos. “... seis anos de ilusionismo e golpadas: o golpe da substituição de impostos directos por indirectos; o golpe da reposição de salários, de reformas e das 35 horas através do brutal desinvestimento do Estado e do truque das cativações; o golpe da nacionalização da TAP em 2016; o golpe de oferecer com a mão direita o que se ia tirando com a mão esquerda.” Pois é. Não esqueço que tudo isto foi possível graças ao professor que habita o Palácio de Belém e não consegue separar-se do “aluno brilhante” que ele instruiu ... E lembrar-me eu que Marcelo Rebelo de Sousa possui tudo para ser um extraordinário Presidente e esquecer o comentador garranchoso que foi, o fabricante de factos políticos, o malabarista publicitário, e ... passo. 

         - Combinei com o Lionel visitá-lo em Strasbourg entre 22 e 25 deste mês. Prometo nem sequer olhar para a catedral dos corruptos que na cidade têm lupanar.  

         - A vida nunca nos ensina o suficiente ou somos nós que não retemos o essencial das suas lições. 

         - Deixem-me abençoar uma vez mais este Verão de seda, que toca o meu corpo nas tardes cálidas como a carícia de sucessivos amores, deixando nele a marca que sobrevive no lençol branco da pele metamorfoseada em pergaminho que perdura pelos lustros que desfrutam a eternidade. Vou nadar.