segunda-feira, outubro 11, 2021

Segunda, 11.

Havia tempo que não o via. Encontrei-o mudado: mais vistoso, o cabelo penteado à maneira, ligeiramente oxigenado, revolto a formar um rosto jovial, moço e simpático. Ofereci-lhe um café e ficámos por meia hora à conversa. A dada altura pergunto-lhe o que faz: walk dog. Porquê em inglês, não sei. Talvez disfarce ou esconda a natureza de um trabalho que dito em português o desonere. Como assim, insisto? A resposta chega pronta: ando aqui (Av. de Roma) a passear os cães das madames. Não sei quem terá mais sorte: se os cães, as madames ou ele. 

         - Estou quase transformado em peixe. Não largo a piscina, não me escondo do sol, dou loas cantadas a este Estio madraço que se arrasta Outono a dentro. (Não aceito aqui a próstese atual adentro.) Quero ir até ao fim, ungir-me deste Verão que nem grandes incêndios provocou, que por cá se queda remansoso, sorrindo ao banhista como ao meu conhecido que leva os cães a esticar as pernas avenida acima avenida abaixo.