quarta-feira, fevereiro 03, 2021

Quarta, 3.

Domingo passado toca o portátil, hesito em atender sendo número desconhecido para mim. Acabo por o fazer e de súbito tenho uma senhora com sotaque espanhol dizendo-me que fosse ao hospital dos Capuchos para uma consulta oftalmológica. Surpresa tendo em conta que este exame foi pedido há pelo menos ano e meio. Lá fui, hoje, portanto. De carro mais uma vez que os tempos não vão de feição ao convívio colectivo de que tanto gosto sendo solitário. Amanhã acrescentarei mais qualquer coisa. 

         - Haverá alguém em seu perfeito juízo e conhecimento do país que somos, acredita que esta aldrabice e corrupção e laxismo da vacinação terá responsáveis condenados! Assim como, no começo do julgamento dos assassinos de Ihgor Homenyuk, o seu final terá sentenciados! Como assim se os inspectores nunca existiram! O pobre imigrante apareceu morto e cheio de contorções e violência, mas isso foi obra sua.   

         - O opositor de Putin, Alexei Navalny, foi condenado a três anos de prisão. Nas ruas não param os protestos e mais uns quantos milhares foram detidos. O ditador cede aos factos e diz que não possui nenhum palácio de Versalhes nas suas terras. Os nossos comunistas a isto dizem nada (para utilizar a semântica de Valter Hugo Mãe).  

         - Não posso estar muito tempo afastado da filosofia. Sentindo a sua falta, entreguei-me a Cioran e ao seu La tentation d´exister. O filósofo já falecido, foi grande amigo de Gabriel Matzneff; que diria ele da desgraça que se abateu sobre o autor de progenitura russa? 

         - Uns pingos de sol. Está tudo pardo, das nossas vidas ao tempo. Noite mal dormida, a bochechos, enervante. Acabei de entrar de Lisboa e conheci na Ponte Vasco da Gama um monumental engarrafamento devido a acidente com dois camiões de carga. Meu saudoso trânsito dos tempos em que ia e vinha todos os dias à capital! Falei com a Alice, Nieto, Carlos Soares, Fortuna.