terça-feira, julho 17, 2018

Terça, 17.
Eu devo ser o único português que tem a sorte de não perceber nada de futebol. Mas sofro as suas consequências, pago para o sustentar e tenho de o gramar. Entopem-me os ouvidos com o seu português de sapatilha, embrutecem-me quando ouço a gente que dele vive a falar aquele português de chinelo, o urrar de fanáticos impondo uma moral de relvado, exibem a mediocridade como um valor, a violência, a corrupção, os comportamentos de sargeta. E não me canso de avisar que um dia vamos pagar muito caro esta devoção, que digo eu, esta dependência a um planeta que não tem regras nem olha a meios para atingir os fins. A inteligência, a sensibilidade e a cultura dos portugueses fugiu toda para o futebol. O saldo da festa foi impressionante: dois mortos, crianças feridas, dezenas de outros festivaleiros levados para o hospital, lojas dos Campos Elísios saqueadas. O costume. Nem tanto assim. Na Rússia onde o pagode é controlado como deve ser, durante o mês que durou a choldra, não houve uma única insubordinação, morte ou ferido. Благодарю, Senhor Putine!


         - Falando da sarna. A mim quer-me parecer que a ida do “maior jogador do mundo” para Itália, vai ser a morte do ídolo. Há qualquer coisa de trágico naquela contratação, um ambiente de fim de festa, com o drama a aflorar na ambição que quer agarrar os derradeiros foguetes que se perdem no ar.