quarta-feira, julho 11, 2018

Quarta, 11.
Os últimos rapazes e o seu instrutor que estiveram retidos na gruta de Chiang Rai 17 dias, foram ontem resgatados sãos e salvos. O Planeta acompanhou a par e passo toda a engenharia que permitiu um tal milagre, assim como a angústia, a generosidade e a técnica dos que acorreram gratuitamente de todo o mundo. Se o feito me surpreende, mais admiro a contenção informativa, a protecção dos jovens, a sensibilidade dos dirigentes que não permitiram o espectáculo caro aos jornalistas. Os rapazes ficam de quarentena antes de regressarem ao carinho dos familiares.

         - Comprei no Corte Inglês o romance de Saul Bellow, As Aventuras de Augie March. Num dos andares, encontrei um rapaz-escravo, que a pretexto de ser estagiário por três meses, não só trabalha à borda, como não lhe dão ajuda para transportes e refeições. Já aqui me referi, revoltado, a situações como esta, no tempo do PSD no governo.  Agora está lá o PS. Se julgam que há políticas (o João Corregedor diz como Sartre que a política está em tudo) diferentes entre um partido e outro, tire daí o sentido. O que há é leis ou seja políticas.  

         - Não conheço a obra de Saul Bellow. Se assim me exprimo, não é porque desconheça o autor, mas o que dele li foi muito pouco. O livro que tenho em leitura neste momento (Cartas e Recordações), através de um pequeno texto ( p. 129, Quetzal), deu-me numas quantas linhas a força do romancista. O grande escritor, revela-se às vezes numa frase. Por exemplo, esta saída do romance acima citado que irei ler com interesse antecipado: “E fazemos isto tudo sozinhos. Onde é que está toda a gente? Dentro do nosso peito e da nossa pele, o elenco inteiro.”

         - Eu bem me esforcei, mas cheguei à conclusão que o esforço era vão. Falo do matagal que tomou por inteiro a quinta. Andou, sábado, aí um homem a gradar a terra. No final, não tendo gostado do trabalho, pediu-me menos 30 euros em relação ao preço combinado. Foi o primeiro Caramelo honesto que conheci em quase 40 anos de vida aqui. Hoje anda aí o Brejnev: recolha do resto da lenha, rachar os troncos maiores, organizar o local para a proteger do inverno.

         - O calor aperta, mas é ainda suave deixando na pele o prazer da sua sensualidade. Todavia, quem me quiser encontrar, pode-me procurar às sete da manhã regando o jardim e as árvores.


         - Às vezes penso que perco imensa gente boa e culta que me procura para “amigo” numa ou outra rede social. Nestes últimos dias, dois professores universitários, um dirigente do PSD... Curioso como sou, tento saber mais e logo esbarro na patetice destes encontros onde vejo alguém que conheço de ginjeira a procurar companhia virtual que o prestigie. Ocorre-me o ditado: diz-me com quem andas... Recolho à toca e roo a minha cenoura como bicho estimado que sou.