segunda-feira, julho 16, 2018

Segunda, 16.
Ouço que quem ganhou o Campeonato Mundial de Futebol foi a França. Que pena! Os franceses são demasiado arrogantes e convencidos para meu gosto. Quem devia ter conquistado a coisa, era a Croácia.

         - Em Israel a vida vai de mal a pior. Netanyahu estica a corda e pretende até instalar comunidades, perdão, guetos exclusivamente de judeus no país. Quer dizer: uma só nacionalidade ou etnia. O Presidente, Reuven Rivlin,  está contra, mas quem decide é o Knesset que ainda por cima não se rege por nenhuma Constituição. No fundo do que se trata é de impor e fortalecer aquilo a que ele chama o carácter judaico, porque diz que “há um desequilíbrio entre os direitos individuais e os direitos nacionais”. Por outras palavras, só terá direito a viver em Israel quem for judeu. Imagina-se o que um fundamento destes vai trazer ao reconhecimento dos judeus no mundo. Não tarda, outros países, correm com eles baseados nos mesmos princípios. O Primeiro-Ministro abre assim a caixa de Pandora de inimagináveis consequências.

         - Trump, sempre ele. Depois de ter baralhado completamente o protocolo real e desestabilizado o Executivo, aconselhou a senhora Theresa May a processar a União Europeia a propósito do Brexit. O homem é, de facto, original.


         - As cartas de Saul Bellow, sendo curiosas, não carregam a importância de outras missivas. Estou a lembrar-me das quase 2000 cartas de Yourcenar (2 volumes), Maritan, Julien Green, a correspondência de Marthe Bibesco com o padre Mugnier (3 volumes), François Mauriac e até Frederico Nietzsche. Estas levam em cada página a natureza profunda do seu remetente, transmitem-nos a sua visão do mundo nos mais variados ângulos, embrulham-nos no modo concreto do quotidiano artístico de cada um, mas pelo lado íntimo, secreto, profundo. Aquelas são escritas à vol d´oiseau, na urgência de uma vida sem espaço para esmiuçar o que persentimos nela, traduzem o momento, a preocupação, mas não aprofundam o conteúdo. Dito isto, estou inclinado a chamar a Bellow meu primo, pelo muito de comum que temos. Vou ler com toda a atenção o volumoso romance As Aventuras de Augie March.