Segunda,
16.
Ouço
que quem ganhou o Campeonato Mundial de Futebol foi a França. Que pena! Os
franceses são demasiado arrogantes e convencidos para meu gosto. Quem devia ter
conquistado a coisa, era a Croácia.
- Em Israel a vida vai de mal a pior.
Netanyahu estica a corda e pretende até instalar comunidades, perdão, guetos
exclusivamente de judeus no país. Quer dizer: uma só nacionalidade ou etnia. O
Presidente, Reuven Rivlin, está contra,
mas quem decide é o Knesset que ainda por cima não se rege por nenhuma
Constituição. No fundo do que se trata é de impor e fortalecer aquilo a que ele
chama o carácter judaico, porque diz que “há um desequilíbrio entre os direitos
individuais e os direitos nacionais”. Por outras palavras, só terá direito a
viver em Israel quem for judeu. Imagina-se o que um fundamento destes vai
trazer ao reconhecimento dos judeus no mundo. Não tarda, outros países, correm
com eles baseados nos mesmos princípios. O Primeiro-Ministro abre assim a caixa
de Pandora de inimagináveis consequências.
- Trump, sempre ele. Depois de ter
baralhado completamente o protocolo real e desestabilizado o Executivo,
aconselhou a senhora Theresa May a processar a União Europeia a propósito do Brexit. O homem é, de
facto, original.
- As cartas de Saul Bellow, sendo curiosas, não carregam a importância de
outras missivas. Estou a lembrar-me das quase 2000 cartas de Yourcenar (2 volumes),
Maritan, Julien Green, a correspondência de Marthe Bibesco com o padre Mugnier
(3 volumes), François Mauriac e até Frederico Nietzsche. Estas levam em cada
página a natureza profunda do seu remetente, transmitem-nos a sua visão do
mundo nos mais variados ângulos, embrulham-nos no modo concreto do quotidiano
artístico de cada um, mas pelo lado íntimo, secreto, profundo. Aquelas são
escritas à vol d´oiseau, na urgência
de uma vida sem espaço para esmiuçar o que persentimos nela, traduzem o
momento, a preocupação, mas não aprofundam o conteúdo. Dito isto, estou
inclinado a chamar a Bellow meu primo, pelo muito de comum que temos. Vou ler
com toda a atenção o volumoso romance As
Aventuras de Augie March.