Domingo, 29.
Há
dias, na Antena 2, uma violinista era entrevistada. A dada altura explica-se
sobre uma obra Mozart (?) que tinha interpretado: “naquele momento percebi que
me caiu a ficha”.
- A palavra de Deus é a palavra dos
seres humanos que falam de Deus. Frei Bento Domingues no Público de hoje.
- Anteontem, durante o jantar no
Estoril, não sei a que propósito, Corregedor falou de Lenine que julgo ser a
sua grande referência ideológica (por diversas conversas que já tivemos). Eu não
estive de acordo, e adiantei que Lenine não passou de um ditador ou pelo menos
de um absolutista. O meu amigo perguntou-me a partir de quando. Eu citei 1918.
Ele calou-se. Estranhei que o fizesse, mas percebi que naquela algazarra,
diante do Guilherme e da mulher que nunca vi manifestar um parecer político de
qualquer natureza, o momento e o local não seriam os mais indicados para uma
discussão. Ainda assim, ele adiantou: “Estaline não é Lenine”, para bom
entendedor... Bom. Acontece que não sou entendido na história da Rússia, mas
sei alguma coisa da dupla Lenine/Trotsky. Sei que a partir da chamada Revolução
de Outubro, Lenine incha de autoridade e na razia de afastar aqueles que ele
designava por sabotadores, czaristas e os milionários, vai exercer uma déspota
condenação deportando-os para os campos de concentração, submetendo-os a
trabalhos forçados desumanos. A este propósito, Soljenitsin diz que o sistema
de prisão czarista era muito benevolente quando comparado com aquele que os
bolcheviques mais tarde viriam a estabelecer. Lenine exortou ao terror das
massas populares, o conhecido “Terror Vermelho”, e à conta disso os kulaks, os sacerdotes e os Guardas Brancos e todos os duvidosos
conheceram a morte, os Gulags (acrónimo de Administração Geral dos Campos) siberianos
onde morreram milhares sob temperaturas de menos 50 graus. As acções do
estratega da dizimação dos mencheviques, foram posteriormente branqueadas pelos
historiadores, acentuando a responsabilização exclusiva de Estaline, esse
monstro, é verdade, da história da humanidade moderna. E lembrar-me eu que
Lenine referia-se ao sanguinário como “o
maravilhoso georgiano.” No seu governo, os direitos humanos foram espezinhados
à custa da ditadura do proletariado que, evidentemente, é mais sã e humana que
a outra... Talvez seja exagerado, mas para mim, Jesef Vissariónovitch Stalin nasceu
da raiz que Lenine plantou.