domingo, julho 29, 2018

Domingo, 29.
Há dias, na Antena 2, uma violinista era entrevistada. A dada altura explica-se sobre uma obra Mozart (?) que tinha interpretado: “naquele momento percebi que me caiu a ficha”.

         - A palavra de Deus é a palavra dos seres humanos que falam de Deus. Frei Bento Domingues no Público de hoje.


         - Anteontem, durante o jantar no Estoril, não sei a que propósito, Corregedor falou de Lenine que julgo ser a sua grande referência ideológica (por diversas conversas que já tivemos). Eu não estive de acordo, e adiantei que Lenine não passou de um ditador ou pelo menos de um absolutista. O meu amigo perguntou-me a partir de quando. Eu citei 1918. Ele calou-se. Estranhei que o fizesse, mas percebi que naquela algazarra, diante do Guilherme e da mulher que nunca vi manifestar um parecer político de qualquer natureza, o momento e o local não seriam os mais indicados para uma discussão. Ainda assim, ele adiantou: “Estaline não é Lenine”, para bom entendedor... Bom. Acontece que não sou entendido na história da Rússia, mas sei alguma coisa da dupla Lenine/Trotsky. Sei que a partir da chamada Revolução de Outubro, Lenine incha de autoridade e na razia de afastar aqueles que ele designava por sabotadores, czaristas e os milionários, vai exercer uma déspota condenação deportando-os para os campos de concentração, submetendo-os a trabalhos forçados desumanos. A este propósito, Soljenitsin diz que o sistema de prisão czarista era muito benevolente quando comparado com aquele que os bolcheviques mais tarde viriam a estabelecer. Lenine exortou ao terror das massas populares, o conhecido “Terror Vermelho”,  e à conta disso os kulaks, os sacerdotes e os Guardas Brancos e todos os duvidosos conheceram a morte, os Gulags (acrónimo de Administração Geral dos Campos) siberianos onde morreram milhares sob temperaturas de menos 50 graus. As acções do estratega da dizimação dos mencheviques, foram posteriormente branqueadas pelos historiadores, acentuando a responsabilização exclusiva de Estaline, esse monstro, é verdade, da história da humanidade moderna. E lembrar-me eu que Lenine referia-se ao sanguinário como  “o maravilhoso georgiano.” No seu governo, os direitos humanos foram espezinhados à custa da ditadura do proletariado que, evidentemente, é mais sã e humana que a outra... Talvez seja exagerado, mas para mim, Jesef Vissariónovitch Stalin nasceu da raiz que Lenine plantou.