quinta-feira, julho 19, 2018

Quinta, 19.
Ontem desci o Chiado com a Teresa Magalhães e o João Corregedor. Antes, na Brasileira, conversa intercalada com dose homeopática de política. Mais uma vez não estive de acordo com o nosso amigo e não me encolho de discordar e argumentar, apesar da dificuldade em o fazer parar de contender. Falou-se das célebres taxas da eléctrica chinesa. Todos andam a sugar na “vaca leiteira” como lhe chamou o que é suspeito de ganhar de dois senhores fortunas fabulosas quando esteve no governo Sócrates. O que não nos dizem com suficiente sonoridade, é que o principal larápio ou salteador, é o Estado. Aqui como por todo o lado, com particular avidez no IMI.

         - Um sonho estranho. Por duas vezes acordei murmurando: “É à miséria que retornámos.” Parecia o título de um livro que eu escrevia enquanto dormia. À segunda vez que  soletrei a frase, anotei-a no bloco que tenho à cabeceira. De seguida mergulhei num sono profundo para acordar às sete da manhã.

         - Morreu o meu saudoso amigo Fernando Fernandes. A ele devo todos os trabalhos de carpintaria, soalhos, tratamento da madeira. Era um grande artista que, apesar do seu problema de saúde grave, fez um trabalho notável que perdura sem um desajuste após vinte anos e causa admiração a todos quantos aqui vêm. Que ano este! Tantas ausências luminosas nesta terra húmida da ganância e da efemeridade de tudo o que aqui se ergue. Há três dias também nos deixou João Semedo, outro homem honrado que nos abriu caminho com lucidez e um sorriso reservado no assomo encantador da sua existência.

         - Ontem, na fnac do Chiado, reuniram-se três ex-jornalistas. Forma de falar. Em verdade quem molhou o bico naquela loucura de trabalho, jamais deixa de o ser. Conversa franca e solta, sobre uma actividade que alguns apontam como estando a expirar. X do semanário Expresso por quem se tem logo uma empatia que não apetece desgrudar, estava de acordo comigo quando referi o muito que detesto no jornalismo dos nossos dias. Discordámos quanto a uma personagem de Aveiro que ele acha muito inteligente e o João diz que apesar de direita “nos obriga a pensar”, mas que a mim não me engana no furor da palavra vadia que costuma exibir.


         - Acho que se calhar tem mais sentido ser (-se) honesto, defender interesses de transparência e de integridade que às vezes não têm a ver com ser (-se) de esquerda ou direita. Há gente de esquerda que não tem princípios de integridade e transparência e há gente de direita que tem.” Maria José Morgado ao Público. Assino por baixo.