terça-feira, maio 01, 2018

Terça, 1 de Maio.
Ontem encontrei um amigo de longa data por acaso. Estava sentado a uma mesa de café, com um saco de gelo na bochecha, ausente. Abanquei a seu lado e o desabafo veio de pronto. Tinha entrado no consultório de luxo do médico dos príncipes e das princesas Malo pelas onze horas e só saíra às quatro da tarde. Perguntei-lhe se tinha feito implantes? Apenas havia extraído um dente do siso que impôs fosse feito pelo mestre. O ano passado, sim, tinha feito um implante e pagara 2500 euros!! Pela “operação” de hoje, desembolsou 1500 euros! “Cruzes!” exclamei eu como se me roubassem a carteira. O principal veio então: desde as onze da manhã vivera uma espécie de mise en scène que justificasse o montante. Longa espera, a extracção dez quinze minutos, de seguida veio o “recobro” com direito a uma sopinha e um refrigerante. “Mas tiveste alguma hemorragia? - Não. Aquilo foi tudo muito rápido. – Havia, claro, muita gente – insisti eu. - Na grande sala de espera umas quatro pessoas.” O espectáculo acabou, a cortina vermelha desceu, na sala não se ouviram palmas.

         - Arons de Carvalho, mandatário da candidatura de António Costa, um dos fundadores do PS, saiu-se com esta máxima partidária de excelente qualidade moral que deverá ser seguida pelo rebanho socialista: “Não acho que seja reprovável uma pessoa viver com dinheiro emprestado de outra. Não é por isso que as coisas estão erradas.” Referia-se aos milhões “emprestados” por Carlos Santos Silva da empresa Lena a José Sócrates. Emouqueceram ou passaram-se dos carris?


         - Posso estar desmoralizado, chegar de Lisboa constrangido, entrando aqui e olhando as laranjeiras em flor, o perfume que paira em torno da casa, as papoilas vermelhas dançando ao vento, logo a minha mente se queda agradecida e sinto a segurança, a serenidade, a paz que reconforta o espírito e traz ao solitário a alegria da esperança.