segunda-feira, maio 14, 2018

Segunda, 14.
O senador republicano John McCain que foi torturado durante a guerra no Vietname, censurou a escolha de Donald Trump para o cargo de directora da CIA de uma tal Gina Haspel por ela ter estado envolvida em torturas várias. Logo um coro de facínoras veio a terreiro, a começar pela funcionária da Casa Branca, Kelly Sadler, afirmando: “O que ele diz não importa, ele até está a morrer”. Sim, talvez esteja, como todos nós estamos à mercê da morte que nos chamará a qualquer momento. Mas no caso de MacCain que sofre de um tumor no cérebro, as palavras odiosas e desumanas deste monstro, como também de outros responsáveis como o general Thomas Mclnerney que, referindo-se a tortura por que passou o senador no Vietname, adiantou: “A tortura funcionou com John. Por isso é que lhe chamavam “passarinho John.” Mas não só. Mesmo no campo republicano, uma abécula chamada Orrin G. Hatch, apoiante de Trump, afirmou que MacCain “é ridículo” por estar a morrer e declarar que dispensa o Presidente no seu funeral. Em defesa do pai, surgiu a filha, Kelly Mclnerney, que eloquentemente desabafou: “O que importa não é como morremos, mas como vivemos.” Se deixo este testemunho de contornos asquerosos, é para levar os meus leitores a reflectirem sobre a política e os seus agentes, e verificarem que tipo de aberrações nos governam. Em política, como se vê vale tudo, inclusive, ter sobre a morte a derradeira sentença condenada em vida.

         - Frio e neve um pouco pela Europa. Eu ainda não tirei o edredão da cama e no salão continuo com a confortável manta inglesa nos joelhos. A meio de Maio! 

         - Três igrejas na Indonésia atacadas pelo Daesh: 13 fiéis foram mortos e mais de 40 feridos. Em Paris um homem que foi liquidado, atacou várias pessoas à facada: quatro ficaram feridas, uma morreu. A organização do barbudo Abu Bakr al-Baghdadi reivindicou o crime.  


         - Morreu Rosado Fernandes. Durante anos fomos vizinhos, um em frente ao outro, vendo-nos e falando todos os dias. Era um homem delicado, atento, com um leve sorriso permanente no rosto cheio. Sabia quem ele era, assisti nem sempre de acordo às suas atitudes políticas, era professor universitário, mas só mais tarde pude ler a tradução que fez para a Gulbenkian de História da Guerra do Peloponeso de Tucídides. Um homem às direitas por quem tinha apreço e simpatia. Como cristão, concluiu já com distinção, o corolário de todas as suas certezas e esperanças.