Quarta,
16.
Eu
ando a prevenir há uma data de anos, mas ninguém me ouve. Ou antes, talvez me
leiam, mas não lhes convém alterar as coisas porque estão todos sentados à
manjedoura do futebol, numa promiscuidade entre política e futebol, entre
política e corrupção que dá milhões. E o resultado (mínimo por enquanto), está
no festival de ontem na dita Academia do Sporting, em Alcochete. Um grupo de 40
bestas, encapuzados, entram nas instalações do clube, avançam para os
balneários onde estão os jogadores a preparem-se para um treino, e correm a
equipa e o treinador a murro, a pontapé, utilizando toda a sorte de atrocidades.
Resultado: vários jogadores com cortes na cabeça, nas pernas, sei lá mais onde.
Um susto, um pavor para os desportistas que equacionam se vão ou não participar
na final do campeonato domingo. Esta cena e outras mais que se seguirão, para
qualquer pessoa minimamente atenta, era previsível. Porque isto é parte
integrante de um país à deriva, sem rei nem roque, onde os valores morais e
cívicos desapareceram, onde só conta o vulgar, o passageiro, a festa, as lutas
intestinas dos políticos, onde a Justiça funciona mal arrastada por interesses
corporativos, onde falta a integridade e a deontologia, onde a corrupção não é
punida e os ladrões são santificados pelos papas-advogados das causas que fazem
fortunas, onde a autoridade só funciona para os fracos e abstém-se para os
fortes, onde a classe governante – ministros, deputados, autarcas, presidentes
de juntas – não possui qualificações, cultura, saber democrático, postos nos
quadros executivos por interesses partidários e não pela conveniência pública. Esta
bandalheira, coloca-nos com razão como um país do terceiro mundo.