quarta-feira, maio 16, 2018

Quarta, 16.

Eu ando a prevenir há uma data de anos, mas ninguém me ouve. Ou antes, talvez me leiam, mas não lhes convém alterar as coisas porque estão todos sentados à manjedoura do futebol, numa promiscuidade entre política e futebol, entre política e corrupção que dá milhões. E o resultado (mínimo por enquanto), está no festival de ontem na dita Academia do Sporting, em Alcochete. Um grupo de 40 bestas, encapuzados, entram nas instalações do clube, avançam para os balneários onde estão os jogadores a preparem-se para um treino, e correm a equipa e o treinador a murro, a pontapé, utilizando toda a sorte de atrocidades. Resultado: vários jogadores com cortes na cabeça, nas pernas, sei lá mais onde. Um susto, um pavor para os desportistas que equacionam se vão ou não participar na final do campeonato domingo. Esta cena e outras mais que se seguirão, para qualquer pessoa minimamente atenta, era previsível. Porque isto é parte integrante de um país à deriva, sem rei nem roque, onde os valores morais e cívicos desapareceram, onde só conta o vulgar, o passageiro, a festa, as lutas intestinas dos políticos, onde a Justiça funciona mal arrastada por interesses corporativos, onde falta a integridade e a deontologia, onde a corrupção não é punida e os ladrões são santificados pelos papas-advogados das causas que fazem fortunas, onde a autoridade só funciona para os fracos e abstém-se para os fortes, onde a classe governante – ministros, deputados, autarcas, presidentes de juntas – não possui qualificações, cultura, saber democrático, postos nos quadros executivos por interesses partidários e não pela conveniência pública. Esta bandalheira, coloca-nos com razão como um país do terceiro mundo.