segunda-feira, março 06, 2017

Segunda, 6.
Durante - julgo - três dias, a SIC andou a lavar o cérebro dos espectadores com doses espessas de propaganda partidária. A propósito de explicarem os diferentes tentáculos do polvo no caso BES/GES, foi um ataque claro ao Governador do Banco de Portugal, persona non grata aos socialistas e às meninas do BE. Aquilo era de tal modo escandaloso que provocava urticária. Como se o Mágico e a sua confraria fizessem melhor e não oferecem-se de mão beijada uns milhares dos nossos impostos a Ricardo Salgado para salvar o império. O presidente do BES devia atacar e pôr a nu tudo o que sabe desta classe política que nas últimas três décadas lhe andou a lamber os pés. E não foi só José Sócrates.

         - Numa altura em que a Coreia do Norte lançou mais três mísseis nas águas japonesas e o mundo se arma gastando somas nunca antes vistas, o futuro próximo parece-me inquietante. Não há nenhuma zona em segurança e a fagulha que ateará o fogo pode acontecer a qualquer momento. Os povos irão ser então carne para canhão das loucuras e dos crimes dos políticos. Ontem como hoje, como amanhã. Uma certa esquerda indigna-se contra aquilo a que chama “os populismos”, mas não trata de se retratar quanto à génese desta desordem que se instalou por todo o lado. A Europa da União Europeia vai em breve passar por grandes transformações. Talvez resida aí a nossa esperança. O PCP é único que vê longe e quer preparar o país para o pos mortem da velhaca senhora.


         - Eu desconfio imediatamente quando, a propósito de tudo e nada, é invocado “o erro político”, “a falta política”, “o esquecimento político”, “o acordo político” e assim. Esta norma é uma espécie de salvo-conduto para a desgraça colectiva. Favorece apenas o governante infractor e mais ninguém. Tomemos o caso de Paulo Núncio. Deixou escapar 10 mil milhões do país, mas tendo reconhecido o seu erro político impôs a si mesmo o castigo demitindo-se de funções do partido minúsculo que não conta para nada senão para os poucos que o compõem. Pronto. Está salvo. Nada mais lhe acontece embora os danos ao país sejam consideráveis. E assim vai o mundo: eles, os senhores, lá em cima; nós, o rebanho, cá em baixo. Exactamente como no tempo da ditadura.