Segunda,
6.
Durante
- julgo - três dias, a SIC andou a lavar o cérebro dos espectadores com doses
espessas de propaganda partidária. A propósito de explicarem os diferentes tentáculos
do polvo no caso BES/GES, foi um ataque claro ao Governador do Banco de
Portugal, persona non grata aos
socialistas e às meninas do BE. Aquilo era de tal modo escandaloso que provocava
urticária. Como se o Mágico e a sua confraria fizessem melhor e não oferecem-se
de mão beijada uns milhares dos nossos impostos a Ricardo Salgado para salvar o
império. O presidente do BES devia atacar e pôr a nu tudo o que sabe desta
classe política que nas últimas três décadas lhe andou a lamber os pés. E não
foi só José Sócrates.
- Numa altura em que a Coreia do Norte
lançou mais três mísseis nas águas japonesas e o mundo se arma gastando somas
nunca antes vistas, o futuro próximo parece-me inquietante. Não há nenhuma zona
em segurança e a fagulha que ateará o fogo pode acontecer a qualquer momento. Os
povos irão ser então carne para canhão das loucuras e dos crimes dos políticos.
Ontem como hoje, como amanhã. Uma certa esquerda indigna-se contra aquilo a que
chama “os populismos”, mas não trata de se retratar quanto à génese desta
desordem que se instalou por todo o lado. A Europa da União Europeia vai em
breve passar por grandes transformações. Talvez resida aí a nossa esperança. O
PCP é único que vê longe e quer preparar o país para o pos mortem da velhaca senhora.
- Eu desconfio imediatamente quando, a
propósito de tudo e nada, é invocado “o erro político”, “a falta política”, “o
esquecimento político”, “o acordo político” e assim. Esta norma é uma espécie
de salvo-conduto para a desgraça colectiva. Favorece apenas o governante
infractor e mais ninguém. Tomemos o caso de Paulo Núncio. Deixou escapar 10 mil
milhões do país, mas tendo reconhecido o seu erro político impôs a si mesmo o castigo demitindo-se de funções do
partido minúsculo que não conta para nada senão para os poucos que o compõem. Pronto.
Está salvo. Nada mais lhe acontece embora os danos ao país sejam consideráveis.
E assim vai o mundo: eles, os senhores, lá em cima; nós, o rebanho, cá em
baixo. Exactamente como no tempo da ditadura.