Segunda,
27.
Que
país é este que não reconheço. A família tão querida da Igreja, do Estado, da
sociedade de consumo e das televisões parece ter caído em desgraça. Os deuses
omnipresentes e ensandecidos que a puseram no centro da raiz social,
abandonaram-na. Não há quase dia nenhum que esta instituição tão apetecida do
fisco e da base de dados dos supermercados, não se afunde no desespero e na
morte. Há dias, um só homem, em Barcelos, assassinou quatro pessoas: a filha
grávida e a sogra, vizinhas. Ontem, em Esmoriz, um marido marado, despachou a
mulher à facada. Estes monstros são o resultado de uma sociedade que os
políticos apaixonados pelos negócios de Estado e particulares, não se dão conta
que existe. Para eles Portugal cumpriu o que a nossa esposa União Europeia
exigiu no tocante ao défice – e isso é o mais importante.
- Porque, em boa verdade, o país está
fechado no Parlamento em discussões de lana- caprina, onde o ódio fermenta
dando origem a cogumelos venenosos. Há meses que o bode expiatório é o Governador
do Banco de Portugal. Outro dia, de passagem num canal de televisão, vi a
crucificação do infeliz Senhor, encarcerado numa “comissão de inquérito”, pelos
algozes deputados do PS e BE. Era vergonhoso ver como eles tratavam o honrado
homem, o desprezo, o desrespeito, a arrogância de quem sente o poder, a
jactância como se lhe dirigiam, a sede de vingança. Esta democracia que eles
têm vindo a criar, assemelha-se cada vez mais a um sistema ditatorial,
autoritário e medíocre que vai ser um dia julgado na praça pública.
- Porque tudo tem um tempo. Veja-se o
caso russo. Ontem, corajosamente, saíram à rua para denunciar a corrupção que
mantém Putin no poder, centenas e centenas de pessoas. A polícia actuou ao modo
do tirano prendendo para cima de um milhar de manifestantes. Tenho mais medo de
Putin que de Trump, pela simples razão que a América vive em democracia, a Rússia,
não.