Sexta, 26.
Estive a ler o plano do Governo para a habitação: um sonho dourado para especuladores imobiliários. O mal destes e dos outros governantes, é viverem num mundo que não toca minimamente o real. Portugal está condenado a ser um imenso espaço aberto para sem- abrigos. Até se compreende, o primeiro-ministro é dono de meia centena de prédios, casas, arrecadações, garagens e passo. Pobres portugueses que tão maus governantes têm. Desde a sinistra Cristas que os descamisados vêm sendo despejados para as ruas como entulho. Toda a classe política devia ser banida, está cheia de vícios, compadrios, arrogância, incompetência, falcatruas, corrupção.
- O vulgar Sarkosy foi condenado a cinco anos de prisão efectiva. Atrás das grades vai poder treinar os tiques que imprimem no seu rosto o desprezo pelos outros. Que a solidão e o castigo lhe dê densidade humana.
- Depois de ter deixado a Alzira, refugiei-me para ganhar o dia, na Fnac. A dada altura entra a mulher ainda jovem que costumo encontrar muitas vezes absorta no seu trabalho que pela primeira vez me cumprimenta. Não tarda saberemos ambos de que natureza somos feitos.
- Corrigi até à página cinquenta e de seguida parei absorto a pensar nas palavras da escritora Maria Ondina Braga. Nunca nos conhecemos pessoalmente, mas sabia por outros escritores e mulheres de cultura, que ela adorava os meus livros e dizia a quem queria ouvir que eles eram muito cerebrais e havia neles muita filosofia - justamente aquilo que me pareceu ao reler hoje as páginas escritas há dois anos.