Sábado, 20.
Ontem fui almoçar com o João ao Tascardoso o restaurante no Príncipe Real tão do seu agrado. Encontrámo-nos na Brasileira onde ficámos até à uma e meia à conversa. Na mesa ao lado, uma turista brasileira a viver há muitos anos na Noruega, mete conversa connosco. Trabalha no hospital central da capital e a dada altura, falando-se de religiões, o João atira: “Aqui o meu amigo é ultra-católico.” Pensei “que quererá o tipo dizer com isto?” para logo abandonar a preocupação, sabendo que o homem é todo política e que na enxurrada vai também Jesus Cristo.
- Voltaram os incêndios no Norte: Viseu, Oliveira do Hospital, Coimbra.
- Mais um teste russo com dois caças a sobrevoarem a Estónia. Putin, esperto, aproveita o ego inchado de Trump para executar os ensaios necessários à investida da guerra. A Europa, como sempre, limita-se a condenar “a provocação perigosa”. Todos parecem ignorar a inquietação de von der Leyen: “A questão central é muito simples: A Europa tem estômago para este combate? Tem a unidade? O sentido de urgência? A vontade política e a capacidade de compromisso?” Respondo-lhe eu: NÃO. Acabaram de regressar de férias e estão muito cansados. Essas perguntas são demasiado complicadas e levam-nos a deixar a vidinha querida, as viagens pagas, as reuniões divertidas seguidas de almoços abundantes, os ordenados milionários e a jactância de que somos imbuídos.
- Como se previa, a jangada dos revolucionários rumo a Faixa de Gaza, correu para o torto. As crianças de vida confortável, que adoram praticar a caridade e empavonar a pobreza, embora vivam como médios-burgueses de consciência lixeira, em pleno mar, desentenderam-se. Resultado: a menina Thunberg deixou a sua decorativa embarcação e foi prosseguir caminho noutro barco. A revolucionaria dos três costados, menina Mariana Mortágua, ficou ao óculo do arrasto, triste, a vê-la desviar os holofotes mundiais da sua pessoa.