sexta-feira, setembro 12, 2025

Sexta, 12.

Depois de uma noite de pesadelos (aquela aflição já minha conhecida, indo eu a conduzir, eis que surge uma ladeira muito íngreme e, de súbito, o mar imenso) acordo numa aflição, no preciso momento em que vou a resvalar para o fundo das águas. Apesar disso, calças verdes e t-shirt rosa, diáfano, despacho-me para Lisboa onde tenho vários assuntos a tratar. Sem tempo para almoçar, desço à cave do Celeiro e engulo uma sopa de cenoura e gengibre, uma empada de atum e um doce de chocolate e ei-lo a correr a vários sítios até desaguar no meu querido café da Fnac. Comigo, claro, foi o croché. Em duas horas revi 20 páginas e, sentindo-me satisfeito, rumei ao meu poiso onde me esperava o Nilton agarrado à resolução do skymer remendado à sua maneira.  

         - No fertágus, dois negros na minha frente muito jovens. Ela ingressou no comboio uma estação antes dele e quando o rapaz entrou encontrou-a sentada nas cadeiras vermelhas dos prioritários que são para os pretos uma tentação. O moço abeirou-se e beijou-a na boca e deixou-se ficar perto dela, enlaçado pela cintura, o resto do corpo esguio projectado muito para cima da cabeça da rapariga. Esta de cara contra a barrida em beijos ao sexo do negrito que, olhando para todo o lado, não podia esconder o que vinha crescendo contra sua vontade. Ele bem metia a mão dentro das calças desportivas para acalmar o impaciente, mas ela não parava de assentar os lábios naquilo que decerto lhe parecia um gelado. À sua volta um misto de escândalo e abrenúncio. 

         - Vítor Escária, o homem dos 75 mil euros distribuídos por vários sítios no seu gabinete em São Bento, acaba de ser nomeado para director do Instituto Superior de Gestão. Antes foi assessor de José Sócrates e chefe do gabinete de António Costa. A isto chama-se Portugal sem vergonha nem ética. 

         - As greves no Metro voltaram. Decerto outras virão em breve em muitos outros sectores. Eu sou dos que insistem que é preciso mudar a lei da greve. Não é justo que “o nosso povo” seja sacrificado às mãos de sindicatos que se dizem seus representantes e carregam-no com sacrifícios, perdas de viagens nos passes, deslocações inúteis, esperas cansativas e brutais, diminuição de salários. Depois admiram-se que o Chega tenha nesta altura a maioria dos votos para as autarquias. Um partido sem gente ou com gente bizarra: gatunos, pirómanos, agressores sexuais, etc..  

         - O calor voltou em força e eu não vejo hora de continuar as minhas meias horas diárias de natação.