Sábado, 6.
Como se previa o festival de elogios mútuos, escondia a tradicional incompetência e laxismo da Administração Pública. Afinal parece que o desastre no elevador da Glória, não tinha gente competente à altura do projecto – facto que qualquer cidadão minimamente expedito detectou. Deixei-me louvar o candidato à Presidência da República pelo PCP, António Filipe, que ressurgiu da algaraviada com palavras justas, simples, e sem suplementos partidários sobre o terrível acontecimento. Resta esperar agora que o tempo e o silêncio que o acompanha, abafe os sentimentos hipócritas, as palavras cristãs de ocasião, os salamaleques de protocolo. Talvez para a próxima década, conheçamos (eu decerto já cá não devo estar) o motivo de tantos mortos e feridos.
- Mais uma vez me assalta o privilégio que é ser funcionário público em Portugal. Não pode ser despedido, ganha mais que no sector privado, é arrogante no atendimento, tem a reforma por inteiro (penso), e nada lhe acontece que faça acelerar a sua vidinha sincopada pelo relógio sucessivamente consultado para a saída das repartições. Querem um exemplo? Ontem, estando eu a aguardar o fertagus no regresso a casa pelas duas da tarde, ouço nos altifalantes: “O comboio para Faro tem um atraso de 54 minutos. Pedimos desculpa pelo incómodo.” Os barões da CP ganham acima da média nacional.